Have a nice weekend

Friday, April 28, 2006 | 0 Comments

Sexy break

Thursday, April 27, 2006 | 0 Comments














http://www.youtube.com/watch?v=bVut_T4LnkY&feature=Views&page=2&t=t&f=b
TRICICLE, a melhor companhia de humor gestual de Espanha apresenta, no teatro S. Luís, SIT - A incrível história dos homens cadeira.

Duas horas de uso e abuso de todos os músculos usados para rir. Um palco estendido até aos nossos joelhos, uma interactividade viva e extraordinária.
A história da cadeira, dizem alguns. O uso quotidiano da cadeira, dizem outros. SIT é muito mais do que isso, é uma caricatura atrevida aos nossos hábitos, clichés e atitudes. Num humor arrojado, simples, mas não fácil, os três protagonistas de SIT conquistam-nos para um mundo de argúcia crítica e boa disposição. Muito mais há para dizer, mas mais não deve ser dito, SIT nada deve à palavra, apenas ao modular do corpo e à criatividade que ata público e actores à mesma cumplicidade feita pela expressão e reconhecimento de traços comuns, gestos quotidianos e uma história universal na mesma bagagem. E agora meus senhores: SIT!

http://www.cervantesvirtual.com/bib_autor/Tricicle/sit1.html

Desafios...

Wednesday, April 26, 2006 | 0 Comments

Desafio.... desafio é sentir os músculos tremerem de cansaço e prosseguir, é sentir o sol lá fora e sair de casa, é ter medo e ser audaz, é abraçar um desconhecido.
Desafio é inaugurar palavras, é cantar por apetecer, é andar descalça sabendo que se vai ouvir uma boa reprimenda.
Desafio é sentir a tua boca na minha pele e fingir dormir, é atravessar a casa sem ruído, é escrever mesmo não sendo preciso.
Desafio é resistir a dizer não, é trocar o sofá pela rua aberta, o caminho pela descoberta.
Desafio é amar quando já se perdeu quem se amava, é andar à chuva por prazer, é inventar receitas para surpreender.
Desafio é começar sempre, é construir a fome de uma fome sempre nova.
Desafio é nunca dizer quem és, é dizer sempre “era isto”, eu serei “outra coisa”, mas neste estado que agora me encontro, sou apenas a mutação da forma.

Sou de desafio um traço breve, que nem da cor posso dar resposta certa. Se me perguntarem por mim, a resposta não importa, importa apenas saber todas as possibilidades do desafio dessa pergunta insurrecta!

Liberdade!

Tuesday, April 25, 2006 | 0 Comments


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

Os cravos que cairam em Abril

Tuesday, April 25, 2006 | 1 Comments

Emílio Salgari, o homem que fez sonhar gerações de adolescentes com os livros de aventuras de Sandokan e que, nos últimos 15 anos da sua vida, escreveu cerca de 200 novelas de aventuras e de viagens por regiões como a Malásia, as Antilhas e as Bermudas - terras exóticas que ele nunca viu - suicidou-se cortando o ventre e a garganta, à maneira japonesa (harakiri) no dia 25 de Abril de 1911 devido ao desespero provocado por dívidas e desgraças familiares.

Play for me...

Monday, April 24, 2006 | 0 Comments

Sentava-me no chão à tua frente, com as pernas cruzadas e olhos muito abertos na escuridão. O resto da verdade era uma descoberta: da raiz dos teus dedos saia um perfume adocicado em cada acorde, das minhas mãos, o mar azul do amor pelas palavras. Lembro-me quando me resgatavas às minhas insónias ou quando me abraçavas com força quando acordava com os pesadelos na fronte e a respiração em ritmo de máquina de escrever sem parar, tecla após tecla, batendo com nervos na tinta das coisas. Sentava-me no chão à tua frente, a luz da lua, tão trémula e branca como eu iluminava o teu rosto sereno e a viola nos teus joelhos. Lembro-me da sua beleza e de me sentir completamente enfeitiçada pela cor de pele bronzeada da madeira.
Não sei se era tua ou dela a música que me protegia e me adormecia com um sopro quente de terras distantes e exóticas. Desses tempos ficou-me a mania de piscar os olhos como quem tira uma foto para emoldurar dentro dos sonhos, na memória mas a sul. Eram tão miúdos esses momentos neste mundo enorme, nesta vida larga, mas foi dentro deles que cresci e as violetas floresceram rente ao meu caminho.
- Boa noite princesinha.
- Boa noite, maninha.

O lado estético...

Tuesday, April 18, 2006 | 0 Comments

A estética tem um papel fundamental na formulação de uma teoria científica. Há muito que deixámos de pensar na ciência como uma mera descrição de uma realidade positiva que existe para lá de nós. A ciência não é uma mera acumulação de factos e verdades absolutas. Como explicou Thomas Kuhn há muitos anos, a ciência é feita de paradigmas, e estes são fortemente influenciados por factores não-racionais, entre eles a estética. Um paradigma permanece válido enquanto não houver dados experimentais que o invalidem. Quando a acumulação de contradições e dados experimentais não explicados pelo paradigma em vigor passam os níveis aceitáveis, começam a surgir novos paradigmas para os explicar. A passagem e a escolha de um novo paradigma entre os vários paradigmas propostos envolve os tais factores não-racionais, onde a estética tem um papel relevante. Em Matemática, os paradigmas também se sucedem. Embora um paradigma matemático não seja invalidado pela experiência, a necessidade de novos paradigmas surge quando não se conseguem demonstrar resultados que se acreditam ser verdadeiros (as “conjecturas”) ou quando se exploram outras vias (“novos teoremas”). Mais uma vez, a estética e outros factores não-racionais tem aqui um papel relevante, levando a que entre os muitos paradigmas propostos apenas alguns sobrevivam.

(...) Um matemático quando chega a casa ao final do dia talvez não possa descrever à companheira ou ao companheiro como foi o seu dia. Mas essa solidão científica é largamente compensada pelo prazer de compreender construções complexas e belas, pela emoção da descoberta, e pela excitação de explorar novos mundos.

Rui Loja Fernandes

Blossom

Monday, April 17, 2006 | 0 Comments

Apetecia-me...... regar bambus verdejantes
.... cheirar um canteiro de violetas
.... deitar-me sobre um campo de papoilas e espigas e ficar a olhar o céu azul
.... passear por entre as amendoeiras em flor
.... enfeitar o cabelo com um hibiscus laranja
.... oferecer um bouquet de orquídeas brancas
.... fotografar um mar de tulipas vermelhas
.... florir.

Boa Páscoa!

Thursday, April 13, 2006 | 0 Comments

Se não comerem chocolate, mantenham dele a doçura;
Se não pintarem ovos, pintem o vosso mundo de todas as cores do arco-irís;
E sejam felizes!
Chocolajinhos
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.

Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão...

Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que me sai, sem voz, do coração.

David Mourão Ferreira

Tailoring Stories

Wednesday, April 12, 2006 | 0 Comments


Porque os fatos também sonham e as histórias também se vestem...

Pediste-me uma história...Sentei-te no meu colo, tal e qual a minha avó fazia comigo. Ela fazia histórias com as mãos, tricotando e alinhavando roupinhas novas a partir de retalhos e meadas de lã. Os teus olhos brilhavam de entusiasmo...
E assim ficaste aconchegada no meu regaço. Embalei-te. Adormeci-te.

http://www.storytailors.pt/

Cerejinhos

Wednesday, April 12, 2006 | 0 Comments

É um beijo com sabor
diferente... quente
perfumado como as cerejas maduras,
flor nascente.
Dizem que os beijos
são como as cerejas!
Ou serão as palavras
silvestres, vermelhas,
nos ramos mais altos?
Para ti eu faço um ramo
de palavras, cerejas e beijos.
Depois, guardo as flores
num poema
em papel de seda
e desejos.
Faço um laço, ténue,
delicado
e num presente
mando-te... um beijo
doce, sussurrado

Torcicolo

Wednesday, April 12, 2006 | 0 Comments

O torcicolo espasmódico é o espasmo doloroso, intermitente ou contínuo, dos músculos do pescoço, o qual força a cabeça a girar e a inclinar para frente, para trás ou lateralmente. O torcicolo ocorre em 1:10.000 indivíduos, (snif! E porquê logo eu?!!!) sendo cerca de uma vez e meia mais comum em mulheres que em homens (olha que bom!). O distúrbio ocorre em qualquer idade, mas mais frequentemente entre os 30 e os 60 anos (ainda me falta 28 anos de potencial sofrimento...).
Geralmente, a sua causa é desconhecida (deve ser uma maleita cabalística!). E a cura alguém sabe?

Uma equação da natureza...

Tuesday, April 11, 2006 | 0 Comments

Os corais somam-se ou multiplicam-se?
Somam-se, multiplicam-se, subtraem-se e dividem-se. A reprodução e a morte nos corais pode acontecer de várias formas, porque são organismos coloniais. Cada “indivíduo” é composto por várias unidades, que se reproduzem assexuadamente (somam-se), e sexuadamente (multiplicam-se). Como curiosidade, na Grande Barreira de Coral a maioria das espécies de coral reproduzem-se todas numa única noite por ano, numa orgia colectiva. Por outro lado também pode morrer a totalidade ou apenas parte da colónia (dividem-se e subtraem-se).

Maria Dornelas in DeFrente

Biodiversidade

Tuesday, April 11, 2006 | 0 Comments

Como o planeta Terra está permanentemente a mudar, preservar a biodiversidade aumenta a probabilidade dos ecossistemas continuarem a gerar os serviços de que precisamos. E depois há as razões puramente estéticas. Defender a biodiversidade é como preservar as pirâmides do Egipto. Eu quero que os meus netos possam ver baleias, orquídeas e borboletas, tal como quero que possam ver o tecto da Capela Sistina.

Maria Dornelas in DeFrente

Motivo

Tuesday, April 11, 2006 | 0 Comments

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.E
um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecilia Meireles

Uma noite no Bolshoi

Monday, April 10, 2006 | 1 Comments




KALINKA

Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!
Hej! Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!

Hej! Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!
Hej! Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaah!Pod sosnuyu, pod zelenoyu
Spat' polozhite vy menya,
Aaaaaaaaaj!
Aj lyuli, lyuli, aj, lyuli, lyuli,
Spat' polozhite vy menya

Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!
Hej! Kalinka, kalinka, kalinka moya!V
sadu yagoda malinka, malinka moya!
Hej! Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!

Hej! Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!
Krasavica, duscha-devica,
Pozholej zhe ty menya,
Aj, lyuli, lyuli, lyuli, lyuli,
Pozholej zhe ty menya!

Kalinka, kalinka, kalinochka kalinochka moya!
V sadu yagoda malinka, malinochka moya!
Hej Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!

Hej! Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!
Hej! Kalinka, kalinka, kalinka moya!
V sadu yagoda malinka, malinka moya!

Hej! Kalinka, kalinka, kalinka moya!V sadu yagoda malinka, malinka moya!HEJ!



Claro que com o bucho cheio de vodka é ainda mais giro. :-)

A todos os que partilharam a noite de sábado no Bolshoi, um beijinho especial ao Diogo que fez anos e que partilhou connosco esta pérola russa, feita da mais cristalina alegria, contagiante e exótica beleza!!!

Other streets

Monday, April 10, 2006 | 0 Comments

Nalgum canto infinito que nem o pensamento conseguia encontrar havia um lago de água estagnada a empurrar os gestos. Aos poucos o próprio cabelo tinha entristecido. Vasculhava o universo com os olhos queimados como um cego trôpego a quem tinham desviado o fio do caminho que leva a casa. Esperava com os dedos pregados nas mãos, um corpo sem extensão. Tinha desaprendido o amor e as causas e consequências dessa arte dos jovens poetas. O seu coração batia a um ritmo subterrâneo, quase imperceptível como se cada golfada de ar fosse timidamente roubada de pulmões mais nobres.

"Quanto?" "É para quê?" "Quanto tempo?" "Entre querida."
Nunca falavam mais do que o necessário.
Nunca mais outra palavra escorreria porque falar era confluência e intimidade e aquele amor era frio e profundo como a dentada de um cão numa noite gelada. Nem sempre fora assim, mas os rios também secam deixando apenas leitos secos e encarquilhados. Debaixo da pele, mais pele, sem calor nem fôlego, apenas um bicho estranho, crispado, de dentes arreganhados. Tentava acreditar no tempo para alcançar um nível mundando mais satisfatório. Olhava as cortinas ao fundo do quarto, numa ondulante palidez e esperava. Por detrás do rosto a mistura de todas as coisas incompletas. Vinte minutos, apenas vinte minutos sem voz. Depois uma pausa na trincheira. Vestir a roupa, fumar um cigarro, passar o baton nos lábios. Todos os soldados rezam em silêncio para voltar a casa, mas ela não sabia rezar nos intervalos daquela guerra, não havia tempo e a vontade era uma marioneta sem fios.
Houve uma altura em que escrevia a amantes que não tinha, a amigos que nunca conhecera... escrevia não pelas palavras, mas pelo silêncio, pelo corpo do lápiz sempre dócil, pelo traço a carvão, pelo tempo guardado no dobrar da folha. Depois do oásis o papel tournou-se uma mortalha e deixou cair no esquecimento aquele hábito de gente. Despediu-se de cada história começada com um beijo na testa como quem adormece uma criança na eternidade e não voltou a escrever.

"Quanto?" "É para quê?" "Quanto tempo?" "Entre querida."
Preciso que me traduzam as palavras ditas. O entendimento tinha-se calcificado até não ser mais que um osso, como quem grita até a garganta envelhecer dentro da boca.

I'm not here n'or there

Friday, April 07, 2006 | 0 Comments

Quando tudo falhar, quando me disserem que este mundo é sério, que a vida é coisa séria, que temos de levar as coisas a sério....sério, sério, sério, ssssssssssssssss....
nessa altura eu não estou aqui, estou a tomar o pequeno almoço numa pequenina toalha branca com quadrados vermelhos em Plutão. Quando me deitar e o único peso sobre a cama for o meu, quando me julgarem e não me puder defender, quando me perder e nunca mais encontrar, fecho os olhos e estou a pequenalmoçar num planeta encantado longe daqui!
Quando o silêncio gritar mais alto do que a minha voz, quando os olhos dos outros olharem e não me virem, quando amar e não houver um amante, quando escrever e não houver ninguém a dirigir a minha carta, fecho os olhos estou a tomar o pequeno almoço numa esplanada da planície vermelho vida de Plutão.

Quando o cinzento se negar a ser azul, quando na vida não sobrar fôlego, quando cair e não houver outro passo. Ergo ao primeiro raio da manhã algures no universo a minha taça e espero pelo dia, longe de daqui e de mim.
E sorrio sempre, sempre porque se chorasse podia nunca mais parar. Há arco-irís de todas as cores debaixo da pele, no choque dos dias, na rota dos sois e das tempestades.
Falo sobre nada, porque gosto de falar sobre coisas que compreendo.
Have a nice breakfast, I'm breaking fast.

You can never hold back Spring

Thursday, April 06, 2006 | 0 Comments

La Tigre e la Neve presenta la bellezza della poesia, delle parole e dell'essere gentili.
Certi film sulla guerra parlano alla testa, questo si rivolge soprattutto al cuore, vuole entrare nella coscienza e nell'anima contro la guerra. E' un film anche feroce perché c'è la morte violenta. Vedere una bella storia d'amore non è buonismo, è potenza senza ideologia. Benigni fa portare lo sguardo innocente in un inferno, cercare di essere ottimisti anche nelle condizioni peggiori. L'Iraq, la guerra e le sue terribili conseguenze sono mostrati da un insolito punto di vista de un uomo innamorato e poeta. La guerra personale di quell'ometto per salvare la sua donna è molto più forte del resto. E' un film sulla forza del sentimento e il coraggio.
Una voglia disperata di vivere, una voglia che fa paura: anzi, morire non mi piace per niente, è l'ultima cosa che farò.

http://www.internetbookshop.it/cd/ser/serdsp.asp?e=0828767533629#

O que poderei escrever?

Thursday, April 06, 2006 | 1 Comments

Todas as palavras me desapetecem.
O silêncio é como uma gota de água num torrão de açucar, uma pequena gota entranha-se num grão, depois no outro e às tantas, como um rastilho líquido, uma ínfima particula embebe todo o corpo branco.
Poderia dizer que usei um vestido novo e que amadureci ao espelho em silêncio.
Enquanto escrevo e o mundo continua.
Uso o lápiz com a minha dor suada com que o agricultor empurra a charrua no sulco árido da terra.
Poderia dizer que os acontecimentos mágicos vão desaparecendo por desencantamento, como um iceberg que descongela até dele restar nada. Houve uma outra hora mais atrás em que espreitava como uma criança para o rosto oculto das coisas, sem desconfiar. E não fazia questão de desconfiar. Porque fazia questão apenas que o azul continuasse azul onda e o amarelo amarelo arco-íris. Fazia questão da fome de pequenos nadas e sede de tudo, nada mais.
Além de acreditar no amor, além de acreditar em histórias e caixas de música.

Wednesday, April 05, 2006 | 0 Comments

"Vejo as coisas como um fotógrafo.
Procuro.
Olho.
Encontro.
Às vezes andamos distraídos.
E é como se a máquina não tivesse rolo e o trabalho de tirar fotografias fosse inútil."
Jordi Nadal in Tão Perto de Ti

Trying to figure (me) out...

Tuesday, April 04, 2006 | 0 Comments

- Olá bom dia, poderia dizer-me onde estou? Eu queria ir para...
-Ohhhh ainda está longe. Siga em frente, vire à esquerda, siga em frente no cruzamento vire à direita, contorne a rotunda...
- Hummm, estou a ver. Muito obrigado. Bom dia e bom fim de semana!
....Continuo longe....


Uma vez li num livro que o melhor sítio para nos descobrirmos é no deserto. O deserto está longe e é difícil de lá chegar. Por isso fui por aí...
Procurei por mim em todas as árvores do caminho, nas flores, nas escarpas, nas povoações esquecidas num sono lento.
Procurei por mim no corpo dos outros, nos cliques da máquina fotográfica, no sol, no cheiro silvestre do campo, na berma da estrada, nas curvas, nos montes, no canto das cigarras, no esperguiçar da manhã, na cama desconhecida, numa parede branca, nas pedras da calçada, na roupa estendida, nos beirais dos telhados, nas amendoeiras em flor, na água dos rios, no pó e na terra, no olhar desconhecido, nos trocos do café, no mapa, nas estações de serviço, no teu silêncio, no meu silêncio.

Não me encontrei, mas perdi parte da bagagem, coisa estranha para quem nada levou.

http://media-01.anti.com/tom_waits/real_gone/Hows_It_Gonna_End.mp3

Escolher

Tuesday, April 04, 2006 | 0 Comments

"A nossa vida, como repertório de possibilidades, é magnífica, exuberante, superior a todas as históricamente conhecidas. Mas assim como o seu formato é maior, transbordou todos os caminhos, princípios, normas e ideais legados pela tradição. É mais vida que todas as vidas, e por isso mesmo mais problemática. Não pode orientar-se no pretérito. Tem de inventar o seu próprio destino.
Mas agora é preciso completar o diagnóstico. A vida, que é, antes de tudo, o que podemos ser, vida possível, é também, e por isso mesmo, decidir entre as possibilidades o que em efeito vamos ser. Circunstâncias e decisão são os dois elementos radicais de que se compõe a vida. A circunstância – as possibilidades – é o que da nossa vida nos é dado e imposto. Isso constitui o que chamamos o mundo. A vida não elege o seu mundo, mas viver é encontrar-se, imediatamente, em um mundo determinado e insubstituível: neste de agora. O nosso mundo é a dimensão de fatalidade que integra a nossa vida. Mas esta fatalidade vital não se parece à mecânica. Não somos arremessados para a existência como a bala de um fuzil, cuja trajectória está absolutamente pré-determinada. A fatalidade em que caímos ao cair neste mundo – o mundo é sempre este, este de agora – consiste em todo o contrário. Em vez de impor-nos uma trajetória, impõe-nos várias e, consequentemente, força-nos... a eleger. Surpreendente condição a da nossa vida! Viver é sentir-se fatalmente forçado a exercitar a liberdade, a decidir o que vamos ser neste mundo. Nem num só instante se deixa descansar a nossa actividade de decisão. Inclusivé quando desesperados nos abandonamos ao que queira vir, decidimos não decidir.
É, pois, falso dizer que na vida «decidem as circunstâncias». Pelo contrário: as circunstâncias são o dilema, sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso carácter."
Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'

Rigoletto

Sunday, April 02, 2006 | 0 Comments

Se sentir fosse um arrepio na pele, o meu corpo seria uma onda crispada.
São nove e meia. São nove e meia e ainda tenho o cabelo a pingar do ginásio. Podia ter ido ao cinema, mas não quiz, podia ter ido a uma discoteca, mas não quiz, podia ter feito o que faço todos os dias, mas os meus dias não se repetem portanto hoje fiz o que sempre faço, fiz o que quiz. São nove e meia e ainda tenho o cabelo a pingar, ping, ping, ssssssssssst, uma gota que escorrega pelas costas, é um silêncio murmurado, mas para mim é música, é este compasso de espera enquanto aguardo que o pano suba. A sala está pouco cheia. A sala escurece. Ping, pi.... o primeiro acorde e a pequena gota a meio das minhas costas ficou arrepiada, suspendeu o fôlego e ficou imóvel à espera. Uma atrás da outra, as notas desprenderam-se da orquestra como um bando de pássaros que levanta voo. Depois uma voz máscula, depois uma voz dócil e feminina, depois outra e outra voz e há um coro que chega como a maré e inunda tudo. Se houvesse palavras era a elas que me agarraria agora, mas não há palavras que exprimam a beleza do momento. Aos poucos fui-me deixando ensopar até não ser outra coisa que não partitura. São assim os dias, dentro de uma caixa de música...

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