Realizado por Woody Allen; com Larry David, Evan Rachel Wood, Patricia Clarkson
Depois de “Match Point” e desde então, Woody Allen tem-nos deliciado com as suas histórias cómicas e dramáticas. Em “Whatever Works”, Allen presenteia-nos com uma deliciosa comédia negra com uma mensagem muito simples: cada um de nós pode escolher vários rumos na vida, os quais podem ser repensados e modificados, de uma maneira formatada ou não, com a finalidade última da felicidade. Seja "o que for que funcione", desde que não prejudique os outros. Esta é a regra de ouro veiculada nesta pérola humorística de Allen.
Toda a metáfora do filme é uma autobiografia de Allen encarnado em Boris (Larry David), um homem egoísta, terrivelmente convencido de que é um génio da física quântica e que considera todo o mundo indigno da sua brilhante e genial companhia. Passa a vida a falar mal de tudo e de todos, o que deve ter dado um enorme gozo a Woody Allen, pois assim teve a oportunidade de dizer muita coisa que lhe estaria engasgada na garganta! De qualquer forma, estes diálogos são de ir às lágrimas, constituindo momentos de pura loucura humorística.
Por outro lado, "Whatever Works" convida-nos a uma reflexão muito interessante acerca das normas e paradigmas morais da sociedade actual, desde o "status" à família, desde o sucesso ao amor, dos sonhos ás decepções, e de como o homem moderno os segue sem questionar, mesmo que isso signifique uma infelicidade profunda com a vida que vive. O próprio Boris é um paradigma do intelectual incompreendido e auto-excluído, que após conhecer uma agradável e simples rapariga (Evan Rachel Wood) sem qualquer metafísica - como diria Pessoa - começa a amaciar o seu ódio para com o que o rodeia e redescobre o prazer da amizade e das coisas simples que a partilha com o mundo e os outros permite.
Interessante também é facto de todos os personagens permanecerem juntos, assumindo contudo relações entre si completamente diferentes das iniciais, que cumpriam paradigmas sociais aceites mas infelizes, substituindo-os por outros paradigmas mais conformes à sua forma de estar e valores.
Com um argumento sólido e bem construído, com actores excelentes, este é certamente mais um filme a juntar à cinematografia preferida dos apreciadores de Woody Allen e do bom cinema.
1 comentários:
Filosoficamente genial!
Tenho saudades tua. E o café que nunca mais bebemos?
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