Sinto a tua falta, sinta a minha falta. O espaço abre-se e fecha-se imprevisivelmente.

Para que o esquecimento não venha, vou enchendo o espaço vazio de memórias e palavra.

Cozinho lentamente, o papel mata-me a fome.

Os meus cabelos ganham aos poucos o cheiro da canela no abrir o forno, controlar o crescimento de cada bolinho. Queria que fossem perfeitos, deliciosos.

Quis que me achasses doce como a barriga de um queque.
Fizeram uma longa viagem num saquinho dobrado, amarrotado dos solavancos e das curvas da estrada. Percorreram um longo caminho, para além da Serra Algarvia, num guardanapinho onde se guardava um aroma e um sabor que só a ti se destinava. Aí, onde fica o longe, mas não tão longe que o esquecimento ou a desatenção tomem lugar.
Espero ter-te tocado num lugar onde poucos viajam, espero que a canela enrolada no centro te deixe sem palavras, espero que o corte do papel irregular de mãos desastradas te façam sorrir, porque adoro ver-te sorrir, espero que os olhos tenham antecipado o gosto.

Estás tão longe e tão perto. Num lugar onde a filosofia, a tinta e a poesia, se amassam numa tarde qualquer onde o carinho mantém aqui.