Acordas-me de noite. Acordas-me dentro da noite e eu estremeço. Os teus passos fazem ressoar os meus passos. Ensaiamos mil gestos de amor, sem nunca roçar os lábios, apenas a superfície da pele sabe de que somos feito, sabe cada pormenor do nosso prazer mais pequeno como se houvesse nela um rasto antigo. Nunca dormi contigo, nem nos teus braços, nem na tua cama, mas adormeço com o cheiro das nossas aventuras, descobertas e segredos como na volúptia de uma dança. Eu sei que tu entendes esta maneira de amar, de partir e repartir o corpo em pedaços de pão para dar. Sou livre como a copa das árvores e Homem como as suas raízes, a minha natureza...bem é peculiar é certo, mas, meu caro, se ao longe todos somos normais e tragáveis, à lupa todos nós bichos esquisitos com mundos debaixo da cama.
Adormeço com uma vontade imensa que tu sejas eu e o contrário e de ver tudo pelos teus olhos, mais altos, mais claros, mais desregrados.
Hoje amo-te com todas as forças, amanhã não sei, mas amanhã tu já não serás outro, serás também eu.
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