A oportunidade de estreia em Hollywood sorriu ao director Kar Wai Wong, muito venerado por filmes como Fa Yeung Nin Wa (In the Mood for Love), Chung Hing Sam Iam (Chungking Express), Happy Together e 2046 (para citar alguns). A estreia dele em Hollywood chama-se My Blueberry Nights e conta com as actuações de Norah Jones, Jude Law, David Strathairn, Natalie Portman e Rachel Weisz.
Para começar o filme traz uma excepcional fotografia, repleta de jogos de côr e sombras, obra de Darius Khondji. Ele que foi director de fotografia de Delicatessen (1991), e é um dos mais renomados do momento. A trilha sonora de My Blueberry Nights foi assinada por Ry Cooder (Paris, Texas). Podem espreitar a banda sonora no site oficial.
A ambientação, assim como a magistral composição de planos, continuam a ser os pontos fortes da obra do director de Hong Kong. Contudo não tem a força simbólica arrebatadoramente misteriosa de 2046, que para mim permanece uma das obras mais marcantes da recente história do cinema. Os diálogos de My Blueberry Nights soam excessivamente graves num filme estruturalmente simples e de metáforas muito evidentes. O personagem de Norah Jones, após uma ruptura sentimental, empreende uma viagem em que conhece pessoas e histórias que marcarão sua vida, ajudando-a colocar em perspectiva a sua própria dor e perda. Mas esta não é uma história de viagens, mas sim de distâncias.
No entanto, apesar de a cantora realizar um excelente trabalho de estreia como actriz, as histórias secundárias acabam por se impôr à história principal. Um motivo, talvez, seja a presença de actores como Natalie Portman, Strathairn e Rachel Weisz, que acabam por se destacar em detrimento da trama. Deliciosa e irónica é a metáfora das tartes que vão ficando para o final do dia intocadas, não por não serem boas, mas porque as escolhas são sempre outras. A personagem de Norah Jones é um pouco assim, a tarte que sobra depois da escolha... o mesmo se aplicando ao seu desempenho ainda um pouco imberbe perante um quadro de honra de actores de mão cheia. Contudo a história é bonita, reveladora na descoberta dos problemas alheios, os seus amores e desamores, das distâncias que impômos para reencontrarmos a nossa própria presença nos outros.
No entanto, apesar de a cantora realizar um excelente trabalho de estreia como actriz, as histórias secundárias acabam por se impôr à história principal. Um motivo, talvez, seja a presença de actores como Natalie Portman, Strathairn e Rachel Weisz, que acabam por se destacar em detrimento da trama. Deliciosa e irónica é a metáfora das tartes que vão ficando para o final do dia intocadas, não por não serem boas, mas porque as escolhas são sempre outras. A personagem de Norah Jones é um pouco assim, a tarte que sobra depois da escolha... o mesmo se aplicando ao seu desempenho ainda um pouco imberbe perante um quadro de honra de actores de mão cheia. Contudo a história é bonita, reveladora na descoberta dos problemas alheios, os seus amores e desamores, das distâncias que impômos para reencontrarmos a nossa própria presença nos outros.
Uma ovação de pé para o grande veterano David Strathairn que mostra porque é um grande actor e imprime o tom exacto da sua dor e falta de perspectiva em cada fala, para mim a melhor interpretação deste filme.
A busca constante de Wong pela intimidade, pelos detalhes normalmente esquecidos das situações, é muito catita. Na realidade esse clima intimista é uma das suas marcas registadas.
Por todos estes motivos e ainda mais o de ter um dos beijos mais bonitos e estudados do cinema, este é um filme a não perder, a degustar e lamber o lábio, como a mais deliciosa tarte da vitrina.
Espreitem o site oficial aqui.
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