De vez em quando, a vida é colocada em perspectiva. E faz-nos querer mudar atitudes. Rever coisas que fizemos mal. Pensar seriamente no que gostaríamos de ter feito de outra forma. Valorizar mais quem nos quer bem e menos quem não quer sequer saber.
Aceitar defeitos e virtudes. Aceitá-los nos outros. Aceitá-los sobretudo em nós mesmos.
Por vezes, a vida coloca-nos em perspectiva.
Do ponto de vista da eternidade é muito mais fácil relativizarmos os nossos pequenos problemas, é muito mais simples minimizarmos tudo aquilo que fomos e que somos. Do ponto de vista da mortalidade é urgente o aqui e o agora.
Em raros momentos, revemo-nos em espelhos nus da nossa realidade.
Essa situação dá-nos o real alcance dos nossos actos. Perspectiva a nossa alma sob outros ângulos. Expõem-nos à incorência das nossas acções. E sobretudo, ilumina os nossos reais sentimentos.
"Os que se dedicam à crítica das acções humanas jamais se sentem tão embaraçados como quando procuram agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os actos dos homens, pois estes se contradizem comummente e a tal ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo. Mário, o Jovem, ora parece filho de Marte ora filho de Vénus. Dizem que o papa Bonifácio VII assumiu o papado como uma raposa, conduziu-se como um leão e morreu como um cão. E quem diria que Nero, essa verdadeira imagem da crueldade, como lhe apresentassem para ser assinada, de acordo com a lei, a sentença contra um criminoso, observou: – Prouvera a Deus que eu não soubesse escrever! – tanto lhe apertava o coração condenar um homem à morte. Há tantos exemplos semelhantes, e tão facilmente os encontrará sozinho quem quiser, que estranho ver por vezes gente de bom senso procurando juntar tais contradições, mesmo porque a irresolução me parece ser o vício mais comum e evidente de nossa natureza, como o atesta este verso de Públio, o satírico: “Má opinião, a de que não se pode mais mudar.
(...) Somos todos constituídos de peças e pedaços agrupados de maneira casual e diversa, e cada peça funciona independentemente das demais. Daí ser tão grande a diferença entre nós mesmos quanto entre nós e outrem: “Crede-me, não é coisa fácil conduzir-se como um só homem” (Séneca). Se a ambição pode impelir o homem a ser valente, sóbrio, liberal e mesmo justo; se a avareza pode dar coragem a um caixeiro criado no ócio e na indolência e infundir-lhe bastante confiança para que se lance à aventura em frágil navio, à mercê de Neptuno, e lhe ensina a discrição e a prudência; se a própria Vénus arma de resolução e audácia o jovem ainda sob a autoridade paterna, e faz com que se mostre impúdica a virgem de coração terno ainda sob a égide de sua mãe – “Passando furtivamente entre os guardas que dormem, protegida por Vénus, vai a jovem sozinha, dentro da noite, juntar-se a seu amante” (Tibulo) –; se assim é, não deve um espírito reflectido julgar-nos pelos nossos actos exteriores; cumpre-lhe sondar as nossas consciências e ver os móbeis a que obedecemos. É uma tarefa elevada e difícil e desejaria por isso mesmo que menor número de pessoas se dedicasse a ela."
In Ensaios, Michel de Montaigne.
1 comentários:
Sim maninha,de facto de vez em quando,a vida é colocada em perspectiva,nós somos colocados num ponto que nos faz sentir e querer mudar atitudes,rever coisas que fizemos menos bem,pensar no que gostariamos de ter feito melhor,ou de outra maneira, valorizar os que nos valorizam realmente pelo que somos e não querer sequer saber de quem não está nem ai para nós!...Aceitar defeitos, virtudes, dos outros,as nossas virtudes,defeitos e tudo aquilo que faz parte da nossa personalidade.Mas a glória de cada dia reside precisamente nisso maninha,deixar aflorar os nossos mais puros e reais sentimentos...e pensar:aceita a dor, acarinha a alegria e resolve os pesares, então poderás chegar à maior das lições-"se pudesse voltar atrás, faria exactamente o mesmo."escolhi habitar os meus dias, aceitar e lutar para viver, abrir-me ao mundo, ser menos receosa, mais acessivel, aliviar o coração até me tonar asa,facho,promessa"Por isso maninha, à medida que os anos passam, mais me convenço que o que perdemos na vida está no amor que não demos,nas capacidades desperdiçadas, na prudência egoista que nada arrisca...só ai começamos a viver cada dia plenamente como se fora o ultimo!..., só ai nos apercebemos e compreendemos que temos um tempo limitado na Terra-e não há maneira de saber quando chega o fim-por isso vivamos cada dia plenamente como se fora o ultimo...Vive em pleno tudo o que encontras pelo caminho, aprecia as flores, o seu aroma, pois as flores estão lá para teu deleite, aprecia o nascer e o por do sol, as crianças, os risos, a chuva, os passaros...bebe tudo isso...nºao há caminho para a felicidade.A felicidade é o caminho! :)Adoro-te maninha querida! :;))Mil beijufas com tooddo o meu amor e carinho!....
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