Acordei cansada mais uma vez, demasiado cansada para uma manhã, não há meio de deixar cair este sargasso.
Talvez entendas se um dia se um dia tiveres de esconder. Tapar a cara, sentir vergonha de ti. por não te apetecer falar, apenas chorar. Desejo de teres um chuveiro em cima de ti que te afogasse a alma, te limpasse os cheiros, a dor a mágoa de ser magoada. Tapar a cara, esconder os minutos em que choraste por um sonho que não era só teu, depois deixou de ser sonho e passou a ser uma volátil trivialidade. Desejo de teres um buraco onde saltar, que te cobrisse a alma, te matasse o ar, a dor, a mágoa de porem te porem em dúvida, depois de teres cumprido tudo o que era suposto, de teres feito tudo o que te haviam pedido que fosse feito. Se um dia tivesses de aceitar, sem nenhuma argumentação possível o bater da porta, a cadeira vazia? Eras capaz de dizer que te pediam acções e as tuas acções eram pesadas numa balança diferente? Que o teu projecto é dispersão e o projecto de outro não? Não nascemos uma vez, nascemos muitas, todas as vezes que nos matam qualquer coisinha que brilhava cá dentro, o que realmente brilhava quando acordava a cantarolar todos os dias para fazermos algo nosso, o que brilhava quando dizia com orgulho no nosso projecto, sim porque o que me fazia brilhar não é ser empresária, eu não tenho o sonho de ser empresária, nunca tive, é problema dos líricos, também nunca me moveu o dinheiro, gosto dos pequenos luxos, mas nunca hesitei nem uma vez quando o dinheiro não chegava para os ter e poder partilha-los em tos dar, esse presente, em forma de sapatinhos de encantar ou de aroma de países distantes, fazia-me tão ou mais feliz. Como é que posso ouvir sem o coração se desmanchar que alguma vez te tiraria alguma coisa, ou prejudicaria ou trairia? Seremos as mesmas que almoçamos gelado, falamos de fadas mundos élficos e amor? Eu até posso ser uma sombra, eu até posso ser infantil, impossível, imprevisível e irrascível, posso não saber muita coisa, mas sei que faria tudo por ti, até daria a vida por ti e amo, muito... e tu, sabes?
0 comentários:
Post a Comment