A nossa rubrica de cinemania desta semana é de grande variedade e qualidade como poderão verificar em qualquer cinema perto de vocês.
Amor em Tempos de Cólera - Já escrevemos neste blog (aqui) acerca da expectativa que pesava sobre esta adaptação do romance de Manuel Garcia Marquez. E confirma-se. Esta adaptação para a fita mágica resulta num épico romântico bonito, sensual, apaixonadamente arrebatador e quase que nos leva a sair na demanda enamorada de amores impossíveis. Muito embora a caracterização e a escolha do local das filmagens, Cartagena, na Colômbia sejam excelentes, é pouco aceitável que sendo o elenco maioritariamente latino se fale em inglês quando a esmagadora maioria deles poderia facilmente falar na língua original do romance. Há uma distância emocional relativamente ao amor impossível de Fermina e Florentino que não deixa passar a profunda angústia em que o nosso protagonista vive... não se entranha em nós a dor da mesma forma que no romance original, muito porque Mike Newell faz um trabalho de edição à pinça, colada aos factos, arrancando páginas de paragens necessárias para a assimilação afectiva das emoções. Contudo é uma obra bem conseguida, sobretudo devido à notória direcção de arte.
Fica (mais uma vez) a banda sonora para vosso deleite.
Entrevista - Pierre Peters (Steve Buscemi) é um repórter auto-destrutivo que já viajou pelo mundo cobrindo grandes reportagens em cenários de guerra. Quando é destacado para entrevistar a estrela televisiva Katya (Sienna Miller), sente-se humilhado por ter de desempenhar um trabalho menor, sentindo-se frustado. Os dois encontram-se num restaurante e daí resulta a colisão quase cómica de dois mundos opostos: o mundo sério e político de Pierre e o mundo superficial de celebridade de Katya. O filme avança para uma cena à maneira de duelo psicológico bem estruturado, onde revelações honestas rapidamente se transformam em decepções e o confronto evolui para um apaixonado jogo de xadrez verbal repleto de intriga e tensão sexual. Entrevista é um remake realizado pelo director Steve Buscemi que também protagoniza junto com a actriz e modelo Sienna Miller. No final, Buscemi dedica o filme a Theo, que é na realidade Theo van Gogh, director do filme original que tinha uma carreira promissora a qual foi fatalmente interrompida no dia 2 de novembro de 2004 quando foi assassinado por um fundamentalista irado com o retrato do Islão que o cineasta fez num dos seus filmes.
Vantage Point - Oito personagens com um ponto de vista privilegiado do assassinato do presidente dos EUA. Vemos repetidamente os mesmos 15 minutos sob estas várias perspectivas, filmadas de uma forma dinâmica e que cativa o espectador mais adormecido. É verdade que tem alguns clichés, é verdade que quase roça o 24h e quase juramos que vai aparecer a qualquer momento o Jack Bauer, mas as perseguições têm um toque bem europeu e é um filme que entretém eficazmente. Thomas Barnes e Kent Taylor (Dennis Quaid e Matthew Fox) são Agentes dos Serviços Secretos, designados para proteger o Presidente Ashton, numa cimeira sobre a guerra global contra o terror. Quando o Presidente Ashton é baleado, momentos após a sua chegada a Espanha, o caos instala-se. No meio da multidão, Howard Lewis (Forest Whitaker), um turista americano, estava a gravar o acontecimento histórico para mostrar aos seus filhos no seu regresso a casa. Há também Rex (Sigourney Weaver), uma produtora de televisão americana que é inquirida sobre a conferência. A terrível verdade sobre o atentado apenas nos é revelada à medida que observamos as perspectivas de todas as personagens, naqueles fatídicos 15 minutos antes e depois do tiro ter sido disparado.
Autópsia de um Crime - Delicioso. Simplesmente delicioso. O remake do filme Sleuth (Autópsia de um Crime) tem como únicos protagonistas Michael Caine e Jude Law. Este remake do clássico de Joseph L. Mankiewicz, de 1972, realizado agora por Kenneth Branagh, conta também com Michael Caine no papel do excêntrico Andrew Wyke. Há 35 anos, Caine integrou o elenco do filme original, no papel que agora cabe a Jude Law.
Em jeito de duelo psicológico, o enredo adensa-se através de um jogo perigoso entre dois homens igualmente astutos e perversos e que resultará no crime perfeito. Explicando...Milo Tindle (Jude Law), um jovem actor desempregado, dirige-se à mansão de campo do bem sucedido escritor de romances policiais Andrew Wyke (Michael Caine) para lhe confessar que tem mantido um romance com a sua mulher. Andrew afirma aguardar há muito por aquele momento - que considera ideal para cometer o crime perfeito - e propõe a Milo que este roube as jóias do cofre da sua mansão, ficando o dinheiro do seguro para Andrew e as jóias e a sua mulher para Milo. Milo acede ao desafio mas cedo percebe que aquilo que parecia um simples e inconsequente jogo elaborado por um escritor obcecado por romances policiais pode, afinal, ter consequências trágicas e inicia-se uma batalha de génios entre os dois onde nada é o que parece. Quanto ao resto que gostavam de saber, só podem descobrir indo ver. O remake mantém o título e a ideia original do filme de Mankiewicz, inspirado na peça de teatro de Anthony Shaffer, mas tem argumento renovado. A estrutura de um crime perfeito é agora assinada pelo dramaturgo e Prémio Nobel da Literatura, Harold Pinter.
1 comentários:
Já só me falta 1! :D
Chihiro
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