The color of my heart

Wednesday, November 29, 2006 | 0 Comments

Arrastei os pés como chumbo e vivi cada dia não de cada vez mas como se não existissem de todo. Arrojei pelo chão os minutos atrás de mim como a cauda de um vestido antigo demasiado pesado para o meu corpo. Vesti-me de negro porque não fui capaz de tecer mais cores para me cobrir.
É essa a côr que ensombra o meu olhar. A mesma côr que me escurece tornando os fios do meu pensamento negros, deixando-os cada vez mais encardidos, até parecer que nunca possuiram outra cadência ou brilho.
E esta letargia ensopava-me até ao momento que recebi uma mantinha de retalhos de tantas cores que ceguei por segundos. A beleza pode ser assim ofuscante. Pode durar 1 segundo ou aquecer-nos por vários dias.
Tentei guardá-la em local seguro, longe da tinta que cobre tudo de negro, longe dos tais fios de pensamento que ainda não foram passados por água limpa. Voltei cá para fora, onde a minha alma se arrasta sem as asas que a sustinham lá em cima.
Mas depois lembrei-me: se calhar é ao contrário que funciona. E se a trouxer para os sítios alagados? Será que esta mantinha tem o poder de diluir toda a escuridão, absorvendo-a e tingindo-a de todas as cores que tem em si? Vou tentar antes assim. Vou arranjar agulhas novas e lãs coloridas e vou tricotar os espacinhos que sobrarem em cada suspiro, em cada recuperação do folêgo a meio da descida. É nestes espaços que os fazedores de tempo se encontram para afinar os tons de cada amarelo, laranja, vermelho, azul, púrpura, castanho, verde, castanho, rosa...sabias?

0 comentários:

About

Mei and Arawn