Lembro-me de às vezes em criança, quando brincávamos em grupo, quando chegava uma criança nova que se queria juntar, havia por vezes... muitas vezes, um duro “tu não és daqui” ou “já estamos todos” ou não pode haver mais ninguém, não há mais lugares”, como se houvesse numerus clausus para se brincar à apanhada, cabra-cega ou polícias e ladrões. Curiosamente depois de procurar em inúmeros livros e estudos deparo-me com a peculiaridade de a palavra “maldade” ser quase sempre aplicada a universos infantis. Talvez nos adultos tenha outro nome, talvez se deixe de nomear para fingir que não existe.
Não compreendia na altura, não compreendo agora. Para mim incluir é tornar parte, e o que faz parte de nós já não pode ser apartado sob pena de se perder pedaço. Gostar de alguém não depende da cor da roupa, se é casado ou solteiro, médico ou pasteleiro, se está em grupo ou sozinho, é intrínseco a essa pessoa, ao que ela é e ao que eu sou quando estou com ela.
Talvez seja seja fantasia essa inclusão, talvez seja apenas algo que se senta e se imagina, mas até nos contos de fadas a dor é real.
1 comentários:
Por essa inclusão ser tão vivida, por essa inclusão fazer parte de nós depois como um todo, é que é difícil incluir. Quando se permite a alguém entrar em nós, fazer parte de nós, estamos a dar-nos de mais. Isso implica a dificuldade de dar, de deixar entrar.
Nas crianças é maldade sim, as crianças são crueis. Nos adultos é defesa, é fraqueza. Medo de depender e sofrer...
Um beijo
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