A dor dos outros é maior e é avassaladora.
É indízivel.
Temos a palavra "dor" à qual reportamos as recordações de dor que já alguma vez tivemos. Sei que empatizamos por ter essa recordação. Ainda assim a dor dos outros é maior. Não a podemos dominar nem amansar.
Mal conhecemos os outros, quanto mais o seu sofrimento. Sabemos tão pouco disso.
O sentido que procuramos todos os dias medeia-se pelo outro. E há outros que são mesmo especiais. Mais do que nós mesmos.
Quando alguém desaparece tem de deixar consequências neste mundo. Em alguém. Tem de ficar cá alguém a "desgastar-se" com isso. Tem de ter ficado algo em nós, no mundo, em algum lado. E o tempo que leva a integrar essa ausência na nossa vida é um tempo único e pessoal e é feito das presenças e dádivas que essa pessoa nos deixou, mas também é tecido pela imensa melancolia da sua falta, por todos os cheiros, gestos, ruídos, que nos relembram a falta do seu abraço como se de um membro nosso nos faltasse.
Não sei explicar a morte, nem a sua aleatoriedade. Nem quero. Sei apenas explicar que cada momento conta para que façamos um pouco mais do que no dia anterior, por nós mesmos, pelos que amamos e por um sentido que apenas podemos chamar nosso a cada dia.
0 comentários:
Post a Comment