Não basta nascer, tens de cria-la, tratar dela, alimenta-la, tratar dela.
Como todas as crianças orfãs é uma carcaça vazia se votada à solidão.
A amizade é um ser vivo,
com pele e olhos de azul profundo.
Respira baixinho, abraça-te.
Sentes o calor?
Nasce sem vagido, de cabelos claros
e dedos cegos
passos a medo, tropeções e recomeços
O sabor da aventura,
a descoberta da força, da mão fechada
do falhar e ser perdoada.
Um corpo cada vez mais forte
sonhador, quase demente
escolhas, a vontade que se reparte no pouco tempo
a dispersão
a roupa que pesa
o molde que enforma e deforma
Agarra-me.
Cerrar os dentes e aguentar
Anda!
Tu és a minha pele, o meu arrepio, és a voz que se ergue quando a garganta me falha, és sangue do meu sangue, mesmo não tendo sangue meu, por ti vivo, por ti nasço todos os dias, recomeço, respiro, por ti morria. És a minha casa, sou a tua casa, podes chegar quando quiseres, podes partir, podes abrir todas as janelas, nada nos prende, somos caminhantes, somos imberbes e velhos, somos tudo e quase nada, o que somos vem de sermos juntos, a rede, o laço, as asas.
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