Cadernos improváveis

Friday, January 04, 2008 | 0 Comments

I
Os dias doem como pedras aguçadas. Chove ou Choro, o que é, ao fim ao cabo, o mesmo do ponto de vista metereológico-sentimental. Os rios brandos das palavras, transportam cadáveres que o tentaram passam impunes.
Que importa o sopro quente ou a lâmina fria.
Que importa se chegas ou se partes.
Se vieste ver-me nascer ou morrer.

II
A vida é um encontro ocasional de rastos flutuantes,
Quando conseguimos encontrar o outro
da sua presença já só resta o lugar por onde passou.

III
Luz.
A dor, sempre a mesma, não pára.
É como aquele ruído agudo que estilhaça o nervo.
As veias cedem como as linhas amassadas da repetição.
Talvez houvesse sentido se viradas do avesso, as cicatrizes ficassem à vista.

IV
O mundo também é feito de grandes labririntos opacos de resistência.

Os dias são mais largos quando cospem a raiva que têm dentro.

V
Rasgar o ar contra a pele aberta
como pétalas a cair
sobre a liquidez da tarde.

Duas mãos abertas a inverter o silêncio.

Os teus olhos são mais azuis no tempo quente
quando os pássaros chegam de longe em grandes círculos.

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Mei and Arawn