Hoje cubro os joelhos com palavras,
para que o calor amorne a pele
fustigada pelo frio dos que passam
Hoje faço uma capa de letras e cores
revisito as memórias mais ternas
os parentes próximos e até os ausentes.
Hoje não quero gelo a escorrer por entre os dedos
navalhas cortantes de cieiro feito gente
envelopes vazios de almas endereçadas a ninguém.
Hoje caminho por entre os meus passos
pestanejo depressa para diluir as nuvens
esqueço o que não quero recordar que foste.
Hoje vejo todas as coisas com maior claridade
como se tivesse mudado de lentes
num dia diferente de mim mesma.
Hoje não quero mais as mentiras do teu corpo
as ilusões inebriantes da tua fragilidade mortífera,
a pureza anunciada de uma divindade oca.
Hoje, num hoje que vale por todos os dias
vou proteger os que amo dos teus trilhos.
Hoje estarei longe de ti, da morte, do frio, da desdita
e de tudo o mais que tenha o teu nome inscrito.
Porque é de calor e de abraço que me quero vestir.
De realidade, de imperfeição e de gente a sério.
Hoje, num hoje que durará para todos os tempos
recuso todas as tuas faces e truques e rejubilo.
Porque hoje não será a véspera do dia em que me vergarás!
Hoje, como lenda antiga sobrevivente de todas as eras
Cobrirei a alma com as vestes do teu cadáver.
2 comentários:
Woooowwwwww!
Amiga, este é dos mais fortes que alguma vez escreveste.
Muito, muito intenso.
Adoro o título em latim, muito bem escolhido. Estás numa fase de luta e de abrir caminhos, é de força que precisas, de clareza de espírito e de pessoas à tua/vossa volta que sejam fontes positivas de energia. Esta ode à Epiphania é de longe um dos gritos de libertação mais belos que li até hoje.
Parabéns!
Muito bem querida ;)
Muito, muito, muito bem.
Afastar as "badvibes" parece-me sempre um excelente caminho. Não que te conheça alguma, sempre te vi bem disposta, mas pronto. Nada como prevenir!
beijos fóófinhos!
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