Amar em intermitências é amar aos bocadinhos. Cada dia um bocadinho mais, cada dia, às vezes, um bocadinho menos.
Amar em intermitências é ter dentro uma escala de Richter e nunca saber qual o grau do abalo. Mas saber que é devastador.
Amar em intermitências é encher o peito de felicidade e não conseguir esvaziá-lo.
Amar em intermitências é ter um formigueiro de palavras alinhadas nos lábios prontas a dizer o quanto te quero e ficar paralizada num plano mudo ensurdecedor.
Amar em intermitências é ser-se de pudim, é tremer se te aproximas demais. É como ter Parkinson, mas sem direito a diagnóstico nem controlo possível dos sintomas.
Amar em intermitências é nunca te ter e ter-te sempre em mim. É piscar os olhos para acreditar que quando apareces afinal estás mesmo lá.
E é sentir-te o cheiro.
E é sentir-te o calor.
E ouvir-te a voz.
E é sobrepôr ao presente outras imagens, numa partida travessa da memória. É sentir de volta o aroma doce da entrega, o deslizar da pele e dos beijos e dos sorrisos e das confidências e dos abraços e do corpo tão arqueado para te ter próximo... e tanto e tudo ao mesmo tempo em decalque por dentro do peito.
E é sentir-me tãooooo idiota!
Amar em intermitências é questionar-me: será que sabes o quanto te amo nesta intermitência em que vou sendo? Será que sabes que quando abandonas a minha presença continuas a existir nessas ausências longas em que não me olhas?
E é manter o olhar límpido, frio, cortante. E é manter a pose elevada e fazer de conta que nada te faz diferença.
E é ficar feliz por ainda me fazer diferença a mim.
2 comentários:
:)
O amor deixa-nos parvos não é?
:)é maninha o amor é mesmo assim...deixa-nos não sei como, não sei onde... com um não sei bem o quê... mas o que interessa mesmo é SENTIR com todos os sentidos bem apurados!...meios tótos!..adoro-te mt querida!
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