Hoje venho falar-te de quase nada
de coisas que ainda me comovem
Me movem
e removem o fundo das horas
a consciência do que não pode ser contido
venho falar-te de coisas simples
tão simples que quase não se dá por elas
a respiração subterrânea
o voo rente que mal se sente
na mão fechada
o parares para me ligares
o banho nos rios. o sol que escorre na janela
a lágrima, a palavra
um sorriso partilhado
um ramo de flores a reinventar jardins,
a beleza,
a incertezanum ímpeto de sangue.
O silencio quando se move.
Hoje venho falar-te da dúvida do caminho
e da certeza de ti.
2 comentários:
Hoje vim aqui a tua procura, em tua busca, seguindo o doce das tua palavras, da liberdade dos teus pensamentos, do querer da tua vontade pouco definida...e encontrei-te como sempre...brilhante.
hoje contaram-me este segredo, és tu ;)
À vinda do supermercado
diz-me o pequeno monstro
que às vezes me faz companhia:
«E qual é a tua razão de ser?»
Na rua, a tarde rola devagar
entre prédios murchos — e ele
acrescenta: «Não me digas
que são os versos.»
E ri-se.
(de Rui Pires Cabral)
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