ou a tua visão do futuro
é uma linha de certeza
nem sempre um mais um são dois
nem sempre a seguir ao agora
vem um depois.
Há um modo de queimar vindo
do deserto,
mirrado como os frutos secos,
lábios, digo.
me
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos
E por vezes encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes ao tomarmos
o gosto aos oceanos só o sarro das noites
não dos meses lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira
2 comentários:
O mesmo David tb disse:
mais do que um sonho: comoção!
sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.
e recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.
mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.
:)
"E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos..." E infelizmente muitas das vezes, isto é verdade!
Um beijo
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