Um poema a quatro mãos...

Tuesday, December 19, 2006 | 2 Comments

Nem sempre o corpo tem a leveza,
ou a tua visão do futuro
é uma linha de certeza
nem sempre um mais um são dois
nem sempre a seguir ao agora
vem um depois.
Há um modo de queimar vindo
do deserto,
mirrado como os frutos secos,
lábios, digo.
me



E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos

E por vezes encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes ao tomarmos
o gosto aos oceanos só o sarro das noites

não dos meses lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira

2 comentários:

Anonymous said...

O mesmo David tb disse:


mais do que um sonho: comoção!
sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.

e recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.

mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.

:)

Woman said...

"E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos..." E infelizmente muitas das vezes, isto é verdade!

Um beijo

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Mei and Arawn