Neste mundo conturbado onde por vezes valores se sacrificam à luz de objectivos surge cada vez mais a decisão. Não é, contudo, a decisão por falta de escolhas ou irreflectida, nem tão pouco a decisão pessimista por se achar que a paira sobre nós uma qualquer fatalidade, é a escolha positiva feita em liberdade que pretende destruir a passividade e desinibir a capacidade de optar que nos convoca a consciência de sermos nós próprios motores de transformação e realização de boas acções. Uma posição comprometida existencialmente que constrói diariamente a essência do ser humano e em última instância de toda a humanidade, uma vez que cada ser lhe dá corpo. Sartre diz que o homem em sentido restricto é um ser determinado pela sua própria liberdade.
Mais nenhuma animal tem este tipo de preocupações, mais nenhum animal se tem a si como um projecto pelo qual é responsável, nem se sente só perante um momento de escolha que determinará a sua própria reinvenção. Esta é uma perspectiva da liberdade que por vezes nos escapa, mas é sem dúvida aquela que, vivendo nós num estado de direito onde a prisão física apenas cabe aos que quebram as leis, mais exercemos e sobre a qual devemos reflectir.
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