Além de escolher a melhor estratégia a ser executada, a razão tem a seu encargo a manutenção de uma hierarquia coerente de valores eleita pelo próprio sujeito. Para exercer bem essa função, por vezes é preciso o uso de recursos externos que comprometa o indivíduo a agir no sentido de atender aos seus desejos, sem prejudicar o plano de vida traçado. O acumular de informações fornecidas pela experiência e pela aprendizagem, bem como o máximo de evidências presentes, são a matéria-prima com a qual se poderá seleccionar a acção pertinente. Jon Elster, na sua obra sobre a racionalidade, Ulysses and the Sirens (Ulisses e as Sereias, 1984), como também em Peças e Engrenagens das Ciências Sociais (1989), defende a tese de que quando a razão por si só não é capaz de impor uma escolha pela acção mais eficiente, ela procura um meio indirecto de comprometer o agente com uma conduta que preserve a sua racionalidade acima da fraqueza da vontade. Ou seja, quando a razão é “imperfeita”, a melhor maneira de alguém evitar uma atitude irracional seria o comprometimento, sob algumas condições definidoras, com várias restrições inibidoras que limitassem o predomínio de desejos prejudiciais à obtenção de um fim. Assim, Ulisses, por não ser completamente racional, precisava de se atar ao mastro do seu navio, a fim de ouvir o canto das sereias sem se atirar ao mar bravio. Embora demonstre uma fraqueza quanto ao desejo irresistível de ouvir as sereias, o personagem principal da Odisseia tão pouco é um hedonista desvairado que se entregue a seus desejos imediatos de modo irrestricto. Por isso, faz uso de um recurso adicional à razão, para poder escutar a maravilhosa voz das sereias e continuar vivo depois. Por um lado, ele atende a um impulso imediatista e, por outro, preserva o horizonte mais amplo de sobrevivência. Mantendo-se preso ao mastro poderá lograr chegar ao seu destino final, enquanto satisfaz os seus desejos pelo caminho, moderadamente.
Tudo gira em torno dos desejos, como se estes fossem elementos independentes que a razão deve satisfazer da melhor maneira, tendo em vista o resultado global e não meramente local. A razão visa, então, atender à maximização dos desejos, numa perspectiva mais ampla, considerando não apenas o resultado imediato esperado, mas, sobretudo, uma satisfação geral posterior. Preservar a racionalidade diante dos sentimentos e emoções é estabelecer uma relação económica na qual se procura a proporção mais adequada de usufruto dos recursos disponíveis de uma maneira plena, ao longo da vida, evitando o desperdício e a escassez.
Na interacção entre agentes, a pessoa escolhe racionalmente quando restringe os seus propósitos de perseguir os seus interesses, segundo princípios imparciais de aspecto moral. Cada ser racional entenderia a estrutura dessa interacção e reconheceria o lugar para restrição mútua e para dimensão moral de seus assuntos. A razão prática, portanto, está ligada a interesses de utilidade individual e restrições racionais à obtenção dos objectos dos interesses.
Na interacção entre agentes, a pessoa escolhe racionalmente quando restringe os seus propósitos de perseguir os seus interesses, segundo princípios imparciais de aspecto moral. Cada ser racional entenderia a estrutura dessa interacção e reconheceria o lugar para restrição mútua e para dimensão moral de seus assuntos. A razão prática, portanto, está ligada a interesses de utilidade individual e restrições racionais à obtenção dos objectos dos interesses.
2 comentários:
ja entendes a razao pk nunca tiro o cinto de segurança qd estou perto de ti :P
HAHAHAH
Para eu ou para tu estares em segurança? ;)
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