Família de afectos

Tuesday, March 13, 2007 | 0 Comments

Não sei se decidi ou se foi assim porque o destino nos tocou. Não sei se combinamos ou como foi que nos encontramos, porque entraste nesta casa, na minha vida, em mim. Tomaste o vinho dos meus labios, o mel do meu peito, embriagaste-te no nacar da minha pele. O meu pensamento ganhou nova forma e depois dessa outra ainda. Jamais sairemos impunes, porque o esquecimento nos ficou vedado.
Jamais decidi assomar-me a ti nem tão pouco permiti que tomasses o meu vinho, nem o meu mel, nem as minhas essencias. Vieste misturar o azar e as rosas e os dias ganharam outro perfume. Cultivo diariamente mil essências no meu jardim e parte delas és tu e tu és muitos. Essências refinadas para os convidados do meu corpo e do meu espírito. Não os distingo em preferência, nem tenho de os conhecer a todos em anos. Por ti cresço e torno-me mais forte. Não que a decisão esteja fora de mim, mas porque o amor que te tenho é móbil dessa decisão.Todas as manhãs olho na direção da tua insolênte intromissão em mim e sorrio, sou tudo aquilo que me trouxeste aos bocados, filtrado por ti, aprendido por ti. Sem ti seria outra, porque era preciso a pá, a terra e o tijolo por esta ordem para o nascer da casa.
Todas as manhãs pergunto se terei mais um dia para prosseguir esta nossa obra. Tomarei o vinho dos teus labios, o mel do teu peito, embriagar-me-ei no nacar da tua pele.

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Mei and Arawn