A poetisa nasceu em 1925, na Roça Olímpia, na ilha do Príncipe, e desde cedo abraçou a luta pela independência do arquipélago e contra a repressão colonialista, denunciando com a sua escrita a miséria em que viviam os são-tomenses nas roças do café e do cacau.
Estudou Ciências Religiosas, Sociologia, Etnologia e Cinema na Sorbonne de Paris, onde esteve exilada. Foi embaixadora do seu país em Bruxelas e junto de várias organizações internacionais.
Em Lisboa, onde viveu, Manuela Margarido empenhou-se na divulgação da cultura do seu país, sendo considerada, a par de Alda Espírito Santo, Caetano da Costa Alegre e Francisco José Tenreiro, um dos principais nomes da poesia de São Tomé.
Entre outras funções, foi membro do Conselho Consultivo da revista Atalaia e do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL).
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Memória da Ilha do Príncipe
Mãe, tu pegavas charroco
nas águas das ribeiras
a caminho da praia.
Teus cabelos eram lembas-
lembas,
agora distantes e saudosas,
mas teu rosto escuro
desce sobre mim.
Teu rosto, liliácea
irrompendo entre o cacau,
perfumando com a sua sombra
o instante em que te descubro
no fundo das bocas graves.
Tua mão cor-de-laranja
oscila no céu de zinco
e fixa a saudade
com uns grandes olhos taciturnos.
....»
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