o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.
J. L. Peixoto
1 comentários:
Ainda em pensar em origami...
O teu comentário ao poema origami resumiu os meus pensamentos antes de escrever o post. Pensei em origami por ser uma tarefa que exige de nós uma infindável paciência, força de vontade para continuar mesmo após mil tentativas falhadas e delicadeza para, mesmo nos momentos de maior frustração, não amarrotar ou estragar o papel que serve de suporte ao sonho tornado figura.
É engraçado como um mero quadrado de papel pode dar origem a um sem fim de realidades diferentes, tendo como limite apenas a nossa imaginação.
Mostra-nos que a criação é somente um acto de vontade e que, na base, não é preciso muito - uma simples folha de papel é suficiente.
Há algo de muito semelhante entre criar um origami e construir uma relação.
No fundo, tudo assenta na nossa capacidade de nos reinventarmos e de nunca perdermos a ingenuidade de acreditar que o bom é possível e está à nossa espera, ao alcance de uma folha de papel.
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