Ontem embalaste-me tu, sossegaste-me tu, adormece hoje com um poema ao luar...

Ainda há Inverno lá fora,
mas a pulsação desperta as flores de cerejeira
a fome de azul e de infinito,
a seiva pura, o sangue e o grito.

Ainda há vida aqui
nos pássaros nocturnos,
na tinta espessa como um lírio,
na pele branca das praias pela manhã.

Procuro uma semelhança, a nossa,
este escrever de par em par,
como se fossemos janelas sem tempo
esquecidos da desconfiança,
um mundo de embalar,
morno como o sol de Junho,
a fome imoderada de satisfazer os sentidos.

Transmigração de alma.
Um marulhar ao fundo.
As gaivotas. Amantes despidos.
O corpo leve, aéreo como o dos poetas,
o riso puro que inunda como uma vaga
as cavidades do coração.

1 comentários:

Jorge Bicho said...

Ainda há vida nos pássaros nocturnos, ainda há esperança num ténue reflexo de luar, iluminando os sorrisos que as palavras deixam, como cometas atravessando teus olhos, quando me fitam e dizem do amor que permanece.

beijos e obrigado por passares em meu canto
JB

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