Quando a tarde se deita no meu colo com uma menina ensonada, e a noite vem enroscar-se no dedos, nas palavras e torna-los rastos de estrela feito do pó levantado pelos pelos pés nos caminhos para casa, procuro na cidade um abrigo quente onde me possa espraiar e ficar em silêncio contigo, comigo. Deixei de ter pressa, deixei até de me obrigar a falar ao pé de ti, procuro pedaços de mim inteiros nestas ruas, nos candeeiros trémulos, na cadeira que escolho para pousar o corpo, encostar o rosto ao vidro e ver o tempo buzinar lá fora com ferocidade. O
Ogâmico é um desses sítios, por isso te trouxe aqui, onde o vinho adocicado e morno nos tinge os lábios com um rubor de ninfas primaveris, onde a música nos faz pousar e escutar o batimento do coração, o teu, o meu, o da cidade. Sem cansaço, deixamos embeber-nos na existência, é a metafísica de nos despojarmos de toda a metafísica e saber disso e poder povoar a nossa nudez de espanto e simplicidade.
1 comentários:
e se neste sítio que me parece encantado, nos deixássemos ficar, apenas fazendo poemas apenas bebendo vinho...
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