Intermitências de Verão

Monday, June 14, 2010 | 2 Comments

Depois da promessa de um fim-de-semana de quase-verão, depois dos raios de sol tímidos amornarem o riso e dos pingos húmidos e abafados refrescarem a alma, depois dos passeios de mão dada com os labradores a saltar à nossa volta, depois das almoçaradas em família, das sestas e do vinho tinto caseiro, depois de tudo isso, há que voltar ao sítio onde tudo tem outra velocidade e cadência. Onde o mundo acelera.

Mas não regresso refeita. Regresso de coração empapado com a humidade destes dias, com uma ventania de palavras e de ausências. Foi fim-de-semana de aniversário, mas não pareceu. Foi aniversário de alguém, mas não o meu. O meu aniversário costuma ser diferente. Costuma ser uma celebração interior densa e terna. Costuma ser uma celebração da dádiva do que a vida me tem proporcionado. Mais cheio de cor e de luz. 
Mas desta vez foi como tempo. Foi nublado e pintalgado aqui e ali por alguns raios de sol. Foi intermitente de luz e de sombras. Não foi mau, mas "não ser mau" não é o que é suposto ser, quando se fala de um dia especial.
Foi, contudo, reflexivo. Serviu para reflectir sobre a vida e sobre o amor. Sobre a amizade e sobre a família. Sobre o trabalho e a vocação. Sobre os filhos, os que ainda não tive e não saberei se terei. Sobre o quero e o que não quero da vida. Estas alturas de paragem são essenciais para mim como se a minha vida delas dependesse. E depende!
Não tenho nada para contar hoje. Não há certezas nem contos com happy ending. Para já, tenho apenas as mãos cheias de perguntas e uma alma escancarada e sedenta de compreensão da própria pergunta. Porque uma pergunta, quando essencial à vida, é ela própria radical e desassossegada. Mas ainda bem que ainda pergunto. Enquanto pergunto, vivo! :)

2 comentários:

Anonymous said...

A capacidade de nos questionarmos é um reflexo da nossa inteligência e do sentido crítico. Ainda bem que continuas a faze-lo como quem necessita de pao para a boca. Quanto ao sentimento de perplexidade perante uma ocasiao especial, todos os temos e ainda bem que servem para questionar quem afinal sao os nossos amigos e quais os nossos objectivos na vida.
Um amigo que julgamos nosso íntimo felicitar-nos no nosso aniversário por facebook ou sms deixa-nos a pensar, por exemplo. Já me aconteceu. Mas nesses momentos podemos sempre colocar as coisas em perspectiva e reorganizar a nossa posição no mundo e em relação aos outros. Que sirva sempre, sempre para aprender.
Beijinhos grandes e uma vida muito feliz.
Parabéns, mas esses já dei pessoalmente, que é como as pessoas que te querem realmente bem o fazem ;)
Margarida

maninha said...

Sim sweet maninha depois de um fds de quase verão e dos passeios de maõs dadas com os labradores a saltitarem à vossa volta, chegou a hora de voltarem à realidade onde o mundo acelera, tem outra velocidade e cadência...e mesmo não sendo um fim de semana de anivers´rio especial como seria suposto ser, foi mais uma celebração da dádiva do que a vida te tem prporcionado,,,termos a capacidade de nos continuarmos a questionar é um reflexo da nossa própria inteligência...por isso continuo com as mºaos cheias de perguntas e uma alma sedenta de compreensão da própria pergunta...porque uma pergunta qundo essencialà vida é ela própria radical e dasassosegadaMas continua por favor a perguntar...a questionar...a indagar... enquanto perguntas...vives!!!;)Bjokas

About

Mei and Arawn