Andamos por aí, caminhantes enamorados, enlaçados no tango das vielas, os olhos rendidos ao voltear de cada esquina.
Por aí perdidos caminhamos. Por essas ruas vadias onde os suspiros sabem a orquídeas e os canais levam suavemente o rio pela cidade adentro.
Sonhamos por aí, por essas areias amornadas pelos corpos, tanto como pelo sol generoso. Flutuamos no mar quente de abraços, ainda sorvemos num travo os lábios doces com sabor a sal e à sangria de frutos vermelhos do verão.
Pelos campos de vinho onde se traçam rotas antigas de sabores e de amores que, como nós, por lá passaram e se enebriaram no bosque cúmplice onde o silêncio apenas é interrompido pelos gemidos subtis dos amantes protegidos pelo luar e pelas folhagens densas.
Ainda estamos por lá. Pois que a alma ainda não aterrou junto dos corpos regressados à vida de todos os dias.