Às vezes o mundo cansa-nos, o ram ram entranha-se, as cordas da normalidade partem, o que pensavamos garantido desaparece. Vivemos numa sociedade efémera, de passagens, de recomeços e adaptações. Há um percurso tácito de casa para o trabalho em muitas vidas que se deixam monotonizar pelo cansaço e pelo conforto do instituído. Contudo, a realidade tornou-se mais agressiva e mais exigente e se não houver a capacidade de adaptação e de reformulação dos projectos que nos sustentam as crenças, ficamos expostos ao perigo de nos vermos isolados ou mesmos desajustados pessoal e profissionalmente.
Porém convém termos um ponto de referência, aquele ponto para o qual olhamos quando andamos à roda e que nos permite parar e andar em frente, ou, se o perdermos cairmos redondos no chão. Pode ser um banco de jardim onde nos refugiamos a pensar e ver a paisagem, um vício bom como um livro ou uma música, um restaurante onde nos conhecem e tratam pelo nome, uma pessoa que admiramos, um sonho que perseguimos, um pouco de tudo isso.

A única coisa que realmente nos une é a nossa tentativa de criaramos laços que nos dêem referências. Seja emocional, física, subliminar ou sexualmente, como seres humanos precisamos de contactar uns com os outros. Mas quais são as regras? Como é que decidimos ligar-nos a uma pessoa, por um momento ou para a vida inteira? Segundo alguns grandes pensadores, o amor é uma noção inatingível, movida mais pela necessidade que pela realidade, enquanto que para outros é a única coisa que torna a vida remotamente apetecível e sem a qual seria intolerável.


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