Por vezes os momentos deixam-se apanhar apenas em sesações ténues, difusas e intensas que perpassam connosco o tempo mesmo quano a imagem se dissipou. Mometos tão perfeitos, inebriantes e étereos como os de um corpo que se aprende pelo perfume.


"É talvez uma urna uma lâmpada uma flor
um vaso de veludo
uma lança solar
ou apenas um traço negro em torno
de um ponto azul

Algo que não sei
uma felicidade tão leve tão frágil e tão nu
ao desejo de nomear
uma pele fresca de lua uma mulher de chuva
o perfume azul de um corpo adivinhado
ou um oásis de silêncio a brancura de um lírio
que nascesse do seio do espaço

Branca dourada ou transparente
flexível como a água ou uma folha oval
apenas esboçada vacilandoluz misteriosamente pura
inacessível já voando para o alto"

António Ramos Rosa
Antologia Poética

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