Vício de Ti

Monday, March 31, 2008 | 0 Comments



Amigos como sempre
Dúvidas daqui pra frente
sobre os seus propósitos
é difícil não questionar.
Canto do telhado para toda a gente ouvir
os gatos dos vizinhos gostam de assistir.

Enquanto a musica não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
e não percebo porque não esmorece
ao que parece o meu corpo não se esquece.

Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício de ti

Levei-te à cidade, mostrei-te ruas e pontes
Sem receios atrai-te as minhas fontes
Por inspiração passamos onde mais ninguém passou
Ali algures algo entre nós se revelou.

Enquanto a música não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
não percebo porque não esmorece
será melhor deixar andar
Será melhor deixar andar

Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício de ti

Eu canto a sós pra cidade ouvir
e entre nós há promessas por cumprir
mas sei que nada vai mudar
o meu vício de ti não vai passar, não vai passar...

:)

O teu amor

Monday, March 31, 2008 | 0 Comments

O que o teu amor me dá: a pérola no centro, a exacta e pequena pérola por onde a luz se esvai, num fechar de olhos, entre nós. E o riso inesperado nesse campo de cansaço em que repouso cresce, trazendo a razão aos braços da loucura. Os teus olhos onde os meus mergulham, lago manso da tarde que empurramos, à janela, até o dia inteiro ser madrugada. E ver-te acordar, como o brilho que salta de antigas colinas e se espalha por frescos lençóis de onde te roubo, abrindo a manhã.

My Winx Fairy personality ;)

Sunday, March 30, 2008 | 1 Comments

Olá, sou a Stella. Nasci a 18 de Agosto e o meu signo encantado é Sereia. Sou a princesa de Solária. Sou a fada do Sol e da Lua. Gosto de vestir as últimas tendências e de aparecer sempre no meu melhor. De facto, o meu armário é maior e mais completo que a própria Dimensão Mágica. Com a ajuda dos meus amigos tornar-me-ei uma fada muito melhor e mais aplicadinha. O meu Pixie (pequena fada que me acompanha e ajuda nas dificuldades) chama-se Amore, porque tem mesmo muito amor a tudo e a todos. O que as pessoas pensam de mim? Que sou espontânea, alegre, divertida, generosa, surpreendente e na moda. Basicamente, Alfea não é nada sem uma fadinha como eu ;)

Algarve feeling...

Sunday, March 30, 2008 | 1 Comments

























o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.
J. L. Peixoto

I wish you were here

Saturday, March 29, 2008 | 0 Comments

...sharing we me the sun rise and the sunshine...



I dig my toes into the sand
The ocean looks like a thousand diamonds
Strewn across a blue blanket
I lean against the wind
Pretend that I am weightless
And in this moment I am happy...happy

I wish you were here
I wish you were here
I wish you were here
I wish you were here

I lay my head onto the sand
The sky resembles a backlit canopy
With holes punched in it
I'm counting UFOs
I signal them with my lighter
And in this moment I am happy...happy

I wish you were here
I wish you were here
I wish you were here
Wish you were here

The world's a roller coaster
And I am not strapped in
Maybe I should hold with care
But my hands are busy in the air saying:

I wish you were here
I wish you were

I wish you were here
I wish you were here
I wish you were here
Wish you were here

Break the ice

Saturday, March 29, 2008 | 0 Comments

Soneto do assombro...

Friday, March 28, 2008 | 0 Comments

Tu és a minha deusa coroada,
A chegada da Primavera,
O revolver do poeta que espera,
O trovão que se transforma em alvorada.

És aquela que nunca esqueço,
A iniciação do corpo, o gesto de amor
És redenção dos dias, morte do torpor,
O pensamento onde adormeço.

Tu, és o perfume das camélias,
A palavra e a telepatia,
mais bela que mil Ofélias,

tu és o nascer do dia.
Tu minha deusa coroada,
és tão somente minha amada.

In the deep

Friday, March 28, 2008 | 1 Comments

Filhos das trevas

Friday, March 28, 2008 | 1 Comments



Os filhos das trevas acordam com a noite os instintos dos lobos e das sombras nas vielas, são gente de olhos cavos, profundos, perdidos no vaguear dos transeuntes que acompanham como cães famintos à espera de um osso, os filhos das trevas adormecem no carro de cansaço sem caminho para casa, sem casa, sem gente à espera, adormecem a ver a luz dos faróis cruzar a avenida a toda a velocidade, os candeeiros trémulos, a luz difusa e só. Os filhos das trevas têm fome de amor, de toque, de fervor, de adormecer numa cama quente, aquecida por outro corpo que não o seu. Os filhos da noite por vezes choram de desespero e solidão numa velhice improfessável, e queriam ser o casal que atravessa a rua enroscado um no outro para escapar ao frio, queriam ser a árvore que valsa na noite. Queriam, poder não sentir a dor lancinante que lhes corta a voz num trago, queriam não sentir o vidro frio da garrafa empapar-se nos dedos. Os filhos das trevas queriam não ter o coração a meio, adiado, decepado pela espera, pela contentação, pela dissimulação do amor.

Ébria de Doçura

Thursday, March 27, 2008 | 1 Comments



Azure Ray - The Drinks We Drank Last Night


...porque o amor é maior partilhado.
Há gente que sabe a sorvetes de melão em pleno Inverno... que escorrem pelo queixo abaixo e queremos lamber em segredo, sem que ninguém dê conta.
Há gente que tem almas perfumadas a jasmin e a luz, a diáfana claridade. Há gente que nos inunda de felicidade sem fazer nada. Sentados num qualquer recanto da cidade, com os pés na erva húmida ou com um chá entre os dedos em silêncio numa qualquer montra ronronante a olhar os transeuntes apressados. Há gente em que a partilha é tão fácil, fácil como apanhar amoras ou como comer algodão doce em qualquer feira local.
Há gente que tem nas mãos o perfume dos deuses e na voz a música dos anjos. Em que qualquer gesto é dança alada e em que o toque é redenção.
Há gente que não se perde em labirinticas explicações racionalizadas da existência, ou de deus ou de um beijo aluarado. Há gente que faz parte da nossa pele e nós não sabíamos, como habitantes lilliputeanos passeando em nós, como se fossemos todo o mundo e lhes pertencessemos.
Há gente para quem os espelhos são mais que reflexos mas janelas de imensidão por descobrir. Há gente para quem o armário das recordações é tão grande que podemos entrar lá dentro e descobrir outras galáxias mágicas, grávidas de vida e de risos cintilantes. Há gente que amamos sem saber porquê nem para quê. Há gente que nos trespassa a armadura e se abriga debaixo da nossa pele, lendo através de nós como pauta de música para a orquestra perfeita, qual afinador mágico a tocar o piano da nossa alma.
Criança, ele pensava: amor, coisa que os adultos sabem.

Via-os aos pares namorando nos portões enluarados se entrebuscando numa aflição feliz de mãos na folhagem das anáguas. Via-os noivos se comprometendo à luz da sala ante a família, ante as mobílias; via-os casados, um ancorado no corpo do outro, e pensava: amor, coisa-para-depois, um depois-adulto-aprendizado. Se enganava. Se enganava porque o aprendizado de amor não tem começo nem é privilégio aos adultos reservado. Sim, o amor é um interminável aprendizado. Por isto se enganava enquanto olhava com os colegas, de dentro dos arbustos do jardim, os casais que nos portões se amavam. Sim, se pesquisavam numa prospecção de veios e grutas, num desdobramento de noturnos mapas seguindo o astrolábio dos luares, mas nem por isto se encontravam. E quando algum amante desaparecia ou se afastava, não era porque estava saciado. Isto aprenderia depois. É que fora buscar outro amor, a busca recomeçara, pois a fome de amor não sabia nunca, como ali já não se saciara. De fato, reparando nos vizinhos, podia observar. Mesmo os casados, atrás da aparente tranqüilidade, continuavam inquietos. Alguns eram mais indiscretos. A vizinha casada deu para namorar. Aquele que era um crente fiel, sempre na igreja, um dia jogou tudo para cima e amigou-se com uma jovem. E a mulher que morava em frente da farmácia, tão doméstica e feliz, de repente fugiu com um boêmio, largando marido e filhos.
Então, constatou, de novo se enganara. Os adultos, mesmo os casados, embora pareçam um porto onde as naus já atracaram, os adultos, mesmo os casados, que parecem arbustos cujas raízes já se entrançaram, eles também não sabem, estão no meio da viagem, e só eles sabem quantas tempestades enfrentaram e quantas vezes naufragaram. Depois de folhear um, dez, centenas de corpos avulsos tentando o amor verbalizar, entrou numa biblioteca. Ali estavam as grandes paixões. Os poetas e novelistas deveriam saber das coisas. Julietas se debruçavam apunhaladas sobre o corpo morto dos Romeus, Tristãos e Isoldas tomavam o filtro do amor e ficavam condenados à traição daqueles que mais amavam e sem poderem realizar o amor. O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava. Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.
O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.
O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final. Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não. Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não. E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não. Absurdo. Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?

Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente. Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente. Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado. Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.

O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado. Optou por aceitar a sua ignorância.

Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.


Texto extraído do livro "21 Histórias de amor", Francisco Alves Editora – Rio de Janeiro, 2002, pág.11.


do Lat. affinitate

s. f.,
qualidade de afim;
parentesco de um cônjuge com a família de outro cônjuge;
grau de semelhança e relação;
coincidência de gostos ou de sentimentos;



Quím.,
tendência combinatória entre moléculas heterogéneas;

Mat.,
importante categoria de transformações geométricas.

Feeling like I needed you

Tuesday, March 25, 2008 | 0 Comments


Goldfrapp - A&E

Tuesday, March 25, 2008 | 0 Comments

"Não há normas.Todos os homens são excepções a uma regra que não existe"
Pessoa, Aforismos e Afins

amanhecer ao teu lado...

Monday, March 24, 2008 | 0 Comments



(Within Temptation, Forgiven)

BOA PÁSCOA!!!!

Bright rainy days

Saturday, March 22, 2008 | 0 Comments

Chuva a Sul.
Contudo o Sol brilha lá fora.
Cinzento a Sul.
Contudo o Sol brilha cá dentro.

Spring is NOW!

Friday, March 21, 2008 | 0 Comments


...

Pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas

in “Salsugem”, Al Berto

Até jazzzzzzz

Thursday, March 20, 2008 | 1 Comments


As borboletas vão voar até ao sul em busca de sol, maresia, praias ainda despidas de gente e deliciosos arrepios na pele.
Hoje partimos todas as amarras e voamos, vens?
Até jazzzzzzzzz

Simple pleasures

Thursday, March 20, 2008 | 4 Comments


A walk in the park
A few leaves fall
Gentle wind blows
Lying like a cat in tha top of a wall.

Visit an old friend
Staying more than a while
Be spontaneous
Go the extra mile.

Give a stranger directions
I've been lost before
Stand out in the rain
to hold open a door.

Surprise a friend with a present
Watch how she glow
A priceless moment
tender and mellow.

A friend big smile
warm has a winter coat
My kitten's frisky nature
My first love note.

Warm, golden sun shines
on a gorgeous spring day
Flowers in full bloom
including you in my pray.

Sitting and relaxing
Oldies on the radio
Hot tea, lights down low.
Lick out the ice cream bowl
Show happiness in my face
Two cozy lovers
by a warm fireplace.


Tell me yours...
Ontem embalaste-me tu, sossegaste-me tu, adormece hoje com um poema ao luar...

Ainda há Inverno lá fora,
mas a pulsação desperta as flores de cerejeira
a fome de azul e de infinito,
a seiva pura, o sangue e o grito.

Ainda há vida aqui
nos pássaros nocturnos,
na tinta espessa como um lírio,
na pele branca das praias pela manhã.

Procuro uma semelhança, a nossa,
este escrever de par em par,
como se fossemos janelas sem tempo
esquecidos da desconfiança,
um mundo de embalar,
morno como o sol de Junho,
a fome imoderada de satisfazer os sentidos.

Transmigração de alma.
Um marulhar ao fundo.
As gaivotas. Amantes despidos.
O corpo leve, aéreo como o dos poetas,
o riso puro que inunda como uma vaga
as cavidades do coração.

Keep me alive

Wednesday, March 19, 2008 | 0 Comments

Insónia

Wednesday, March 19, 2008 | 0 Comments

O tamborilar da chuva como o bater dos ossos dos dedos na madeira dura.
Puro compasso. Espera.
A noite caiu de sono e o quarto deserto ferrou os olhos em mim.
Revolvo-me, contorço-me de dor. A dor era física, agora vai alastrando à alma, o revolver fez o caminho inverso.
Vim para aqui escrever como se houvesse companhia e dou por mim a ouvir ecos como se houvesse imensos corredores e ruas. Falo sózinha como fazem os loucos e os velhos.
Considerado um dos mais velhos clubes de jazz do Mundo ainda em actividade, o Hot Clube de Portugal é hoje distinguido com a «medalha de Honra da Cidade de Lisboa». No dia em que se comemoram os 60 anos do Hot, nós desejamos que continue entre nós por muitos e longos anos a promover o Jazz e os seus artistas.

Ogâmico

Tuesday, March 18, 2008 | 1 Comments

Quando a tarde se deita no meu colo com uma menina ensonada, e a noite vem enroscar-se no dedos, nas palavras e torna-los rastos de estrela feito do pó levantado pelos pelos pés nos caminhos para casa, procuro na cidade um abrigo quente onde me possa espraiar e ficar em silêncio contigo, comigo. Deixei de ter pressa, deixei até de me obrigar a falar ao pé de ti, procuro pedaços de mim inteiros nestas ruas, nos candeeiros trémulos, na cadeira que escolho para pousar o corpo, encostar o rosto ao vidro e ver o tempo buzinar lá fora com ferocidade. O Ogâmico é um desses sítios, por isso te trouxe aqui, onde o vinho adocicado e morno nos tinge os lábios com um rubor de ninfas primaveris, onde a música nos faz pousar e escutar o batimento do coração, o teu, o meu, o da cidade. Sem cansaço, deixamos embeber-nos na existência, é a metafísica de nos despojarmos de toda a metafísica e saber disso e poder povoar a nossa nudez de espanto e simplicidade.


Uma cantiga de amor

Monday, March 17, 2008 | 1 Comments

Porque aqui no nosso cantigo sempre igual,
nada se muda nem se importa com o que se passa lá fora.
Porque este vídeo me faz lembrar o nosso restaurantezinho familiar onde tantas vezes jantamos.
Porque a música é doce, como tu.
Apetece-me trautear uma cantiga de amor.

Uma companheira à maneira

Sunday, March 16, 2008 | 1 Comments


Um beijinho doce de parabéns por mais uma conquista para a minha companheira e por tudo o que partilhamos.

Noites de primavera

Saturday, March 15, 2008 | 0 Comments


A noite cai e o frio não chega, nem sequer o escuro chega. Há uma claridade inteira que nasce do teu sorriso, dos teus gestos, dos teus lábios.

O aroma do teu corpo mistura-se com o do meu, hálito forte de pássaros e flores, como se nascesse aqui, nesta cama a primavera, a promessa dos sentidos despertos.

Olhamo-nos demoradamente, rimos demoradamente, despidos de tudo, do tempo indigno de nós, das palavras que usamos para nos proteger. Amantes. Tão somente amantes famintos, ingénuos, felizes. Como deuses nos achamos eternos, como homens nos achamos tão somente abensonhados por haver estes braços em forma de ninho, este baloiço onde nos deixamos embalar.

TABACARIA

Friday, March 14, 2008 | 1 Comments

Este é um dos poemas mais deliciosos de Pessoa, na pele de Álvaro de Campos, para ti minha companheira de voos e tropeções, porque partilhamos todos os momentos de glamour e encanto, mas também arrogantes devaneios de intelectualidade, mordacidade, aos mais intensos e aos mais suaves, brindo com a mesma satisfação, aos de fragilidade e exposição como aos de força e arrojo!

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.


Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.


Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.


Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)


Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.


(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)


Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente


Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.


Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.


Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,


Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.


Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.


Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.


Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.


(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, 15-1-1928

Uma ida ao médico

Thursday, March 13, 2008 | 0 Comments

Podia ter-nos dado para pior...
Estamos na sala de espera. Curiosamente mesmo à espera porque já lá vai 1h e 27m que devíamos ter sido atendidas! Acabou de entrar uma sra velhota muito aprumadinha, a Mei sorri. No sofá em frente está uma moça com ar de quem vai morrer de tédio nos próximos três minutos, de pé esticado. Há maleitas que nos tiram toda a dignidade da pose! O resto dos seres lê revistas com mais de três meses (na melhor das hipóteses). É curioso que quando se espera não importa estarmos a ler sobre as tendências para a roupa de inverno 2003 ou as prendas que devemos oferecer no Natal 2005.
Acho que este é o primeiro post que escrevemos juntas curiosamente num momento mais banal que banal :D O tédio torna-nos as mais endiabradas das criaturas e ainda não nos ouviram!

A natureza de estarmos aqui não vos podemos contar, mas confesso que a vista para o edifício da PT em frente não é um deles, o atendimento da mocinha da recepção também não, ia-me engasgando com o smoothie de tanta falta de charme e simpatia, "Não tem cartão da segurança social???!!! Não pode ser!" Como se a nossa existência se resumisse ou desaparecesse naquele bocadinho de cartolina com letrinhas azuis.
Além de nós há uma palmeira e um planta meio murcha, quase cadavérica a saltar do vaso. O greenpeace devia ver isto, parece uma planta etíope... Estarão a mata-la à fome? Ou ela está a fazer greve de fome a ver se a tiram daqui....desconfio que seja da companhia da mocinha da recepção.

Pergunta qual facada: "O sr dôtor ainda não chegou?? Não, não!!"
&$&$#%%(/$$"&/ Isto é um atraso? Uma 1h54 não é estar muito atrasado, dá tempo de se ter pirado para o Brasil sem avisar! ou de estar a ser clonado e nos mandar o irmão "Chop" ( trocadilho porque o médico é chinês e chama-se Soy) para a próxima vamos a um que se chame "Cozidinho" ou "Tripas" que já sabemos que é certo, que raio de mania de meter exotismo em tudo! pronto Mei, eu sei que a ideia foi minha ....mea culpa! Escolhes tu o dentista.

A má notícia é que estamos a ficar sem bateria e apenas vamos poder comunicar por risinhos furtuítos e olhares fulminantes à falta de pedras. Ainda se um destes velhotes tivesse um enfarte aí havia aqui alguma acção e eu podia pôr em prática o meu curso de primeiros socorros. Até estou de vermelho e branco :D
A sra da frente começou a arranjar as unhas com a caneta. O sr do lado olha para o telm com interesse, "há ora bem isto é que é um telmóvel! estão cada vez melhores!" A sra aqui ao pé da janela tem dois pares de óculos, pra quê santo Deus!!!! Qual é a probabilidade da moleirinha precisar de óculos de sol? Será um painel de energia solar individual de auto combostãozinha?
Adoro esta música e canto-a para dentro horas a fio... vai passar a permanente neste nosso cantinho, na barra lateral Musicar. Cá fica para ti Chihiro e para as nossas almas gémeas.



Waking up I see that everything is ok
The first time in my life and now it's so great
Slowing down I look around and I am so amazed
I think about the little things that make life great
I wouldn't change a thing about it
This is the best feeling

This innocence is brilliant
I hope that it will stay
This moment is perfect
Please don't go away
I need you now
And I'll hold on to it
Don't you let it pass you by

I found a place so safe, not a single tear
The first time in my life and now it's so clear
Feel calm, I belong, I'm so happy here
It's so strong and now I let myself be sincere
I wouldn't change a thing about it
This is the best feeling

This innocence is brilliant I hope that it will stay
This moment is perfect
Please don't go away
I need you now
And I'll hold on to it
Don't you let it pass you by

It's a state of bliss, you think you're dreaming
It's the happiness inside that you're feeling
It's so beautiful it makes you wanna cry
It's a state of bliss, you think you're dreaming
It's the happiness inside that you're feeling
It's so beautiful it makes you wanna cry

It's so beautiful it makes you wanna cry!

This innocence is brilliant,
It Makes you want to cry!
This innocence is brilliance, please don't go away
Cause I need you now
And I'll hold on to it, don't you let it pass you by

Violeta

Wednesday, March 12, 2008 | 0 Comments

Para apagar todas as imperfeições e arestas, porque a vida irrompe pelas veias, pela pele. Quero corromper-te com o meu sorriso, com a minha força, com a minha sede, com o meu amor. Somos apenas humanos e nada de humano nos deve ser estranho. O amor não exclui imperfeições nem falhas, antes pelo contrário. Não espero de ti mais do que me queiras dar e o que me quiseres dar é suficiente para que valha a pena estar a teu lado. Não procuro paz de espírito nem para ti nem para mim, viveremos ambas com a dor imensa que é aprendermo-nos e aprender os outros, só é possível mais se corrermos riscos. Todas as lágrimas compensam um sorriso na hora em que nasce e prefiro mil vezes dar a minha energia à felicidade que a semear mais fundo a mágoa.
Quando me quiseres serei como a casa, espero-te de noite para te abrigar do relento, mas a tua ausência não me muda de lugar.

Segredos

Wednesday, March 12, 2008 | 0 Comments

Quase nua,
muito a medo,
fiz-me tua,
palavra, segredo.

O grito e os múrmurios
na pele rubra dos sentimentos,
os sítios que se perderam,
as mortes que carregamos
no àspero luar das estepes.


O nosso blog recebeu em Fevereiro este prémio - "É um blog muito bom, sim senhora".

Este prémio foi-nos oferecido pelo Jorge Bicho, do blog Por Dentro das Palavras: http://josibi.blogspot.com/

Ficamos com a lagriminha ao canto do olho e naturalmente muito orgulhosas deste carinhoso prémio. Muito obrigada ;)

As regras são:

1 - Este prémio deve ser atribuído aos blogs que considerem serem bons, entende-se como bom os blogs que costuma visitar regularmente e onde deixa comentários;

2 - Só e somente só se recebeu o 'É um blog muito bom sim senhora", deve escrever um post incluindo: a pessoa que lhe deu o prémio com um link para o respectivo blog; a tag do prémio; as regras; e a indicação de outros 7 blogs para receberem o prémio;

3 - Deve exibir orgulhosamente a tag do prémio no seu blog, de preferência com um link para o post em que fala dele;

Vamos então tentar atribuir os galardões de "É um blog muito bom, sim senhora!" com o máximo de clarividência que nos é possível e sem qualquer ordem ou hierarquia.

A Loja de Ideias: http://lojadeideias.blogspot.com/
Awakenings: http://www.therawawakening.blogspot.com/
Por dentro das Palavras: http://josibi.blogspot.com/
Comentários de Passagem: http://www.comentariosdepassagem.blogspot.com/
A Barbearia do Sr. Luís: http://barbearialnt.blogspot.com/
Jazza-me Muito: http://barbearialnt.blogspot.com/
Neptunices: http://neptunices.blogspot.com/


Para os arrojados viajantes dos eléctricos da manhã. Aqueles que nascem da espera e se fazem na esfera do sonho. Dança e rodopio, na semente, no carril que se deixa preencher e entrega o caminho como se fosse uma promessa de novidade.
Nos dias de cinza rupestre lembramos a infância dos seres, não aquela caprichosa e chiante, a outra, a deslumbrada, graciosa, generosa, insaciável, audaz e feliz.



Telepatia, silêncio, calma
Feitiçaria, da tua alma
Passo a passo, sem ter medo
Abrimos, soltámos o nosso segredo

E a sorrir devorámos o mundo
Num abraço tão profundo

Telepatia sem contratempo
Deixei-te um dia num desalento
E eu sonhava, existia
Pra sempre, pra sempre
Foi pura poesia

Sem pensar, não vi-te, passavas pelo meu corpo
Não ficavas

Telepatia...
Minha querida, eu soube sempre
Eu já sabia que te ia conhecer
Fiz tanta força para isto acontecer
És tão bonita meu amor
Eu não te queria perder
Já sei, adivinho o que estás a pensar
Vim do outro lado do mar,
Talvez outro dia volte, não sei
Mas penso em ti, acredita
Adivinhei-te em segundos
Quando jurámos eternidade

E a sorrir devorámos o mundo
Num abraço tão profundo

Telepatia, silêncio, calma
Feitiçaria da tua alma

Telepatia...

(Ana Zanatti E Nuno Rodrigues)

Today has been ok

Monday, March 10, 2008 | 0 Comments



O suspiro do dia que passa...

Our JukeBox

Sunday, March 09, 2008 | 0 Comments






Reuni para ti todas as músicas que nos fizeram ao longo destes dias, de cada segundo, de cada respirar, senta-te aqui, encosta-te a mim e vamos sonhar...

A love song...

Sunday, March 09, 2008 | 0 Comments

O video original aqui: http://www.youtube.com/watch?v=MR5xv3pt7KI&feature=related

Dia Internacional da Mulher

Há 145 anos, no dia 8 de Março de 1857, teve lugar aquela que terá sido, em todo o mundo, uma das primeiras acções organizadas por trabalhadores do sexo feminino. Centenas de mulheres das fábricas de vestuário e têxteis de Nova Iorque iniciaram uma marcha de protesto contra os baixos salários, o período de 12 horas diárias e as más condições de trabalho. A manifestação foi violentamente dispersada pela polícia. O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher. Não sendo apologista do feminismo, apenas da igualdade com as diferenças coerentes com as características de cada sexo, é preciso não esquecer este dia, não por nós, mulheres livres, mas por aquelas que são apedrejadas, vistas como aobjectos, usadas, traficadas, excisadas, e de tantas outras formas hediondas que ficam impunes são privadas de viver como seres livres e amados, por elas, para que nem que seja apenas hoje, percebamos que ainda temos todos muito a fazer pelos direitos humanos.

Protesto de professores


Vieram de todo o país e encheram as ruas de Lisboa para protestar contra as alterações que o Governo quer fazer na educação. Foi a maior manifestação de professores de sempre. Cantaram pelas ruas reclamaram direitos adquiridos, etc, etc... Nós por aqui já fomos docentes, já demos aulas e apesar de defendermos a evolução da carreira e todas as condições que devem ter aqueles que educam os futuros cidadãos do nosso país, desconfiamos que não é por serem avaliados e terem de dar contas do seu trabalho que isso se altera antes pelo contrário. "A classe" como lhe chamam é heterogenea e agrega tanto indivíduos sem formação que conseguiram entrar na "carreira" (outro bom termo) pós-25 de Abril, como outros com mestrados e especializações, desde indivíduos conscientes e dedicados ao seu trabalho, até outros que esperam calmamente pela reforma com a mesma garantida sem garantir qualquer qualidade do seu trabalho. Até agora a gratificação de uns e outros era igual. Para uma profissão que vive a avaliar e a testar miúdos e que constantemente lhes repete que o que conta é o desempenho não um nº no papel, devia ter menos medo de prestar provas da sua capacidade de executar com valor e excelência o trabalho para o qual são pagos. Também não me parece que a maioria dos que milhares que se manifestaram tenho lido efectivamente as novas directivas a avaliar pelos comenmtários dos mesmos, é que os professores vão poder progredir na "Carreira" mesmo com um BOM ao contrário do resto da função pública que precisa de muito bom e quem os vai avaliar são colegas que escola e nenhum bicho papão alheio à realidade da mesma. Para uma classe que se devia basear na ciência devia guiar-se menos pelo "diz que disse" deixarem de se comportar como professorzecos.

Count me ...

Friday, March 07, 2008 | 0 Comments



...for a the weekend, where my days start
O Teatro Nacional de São Carlos vai apresentar sábado duas óperas do compositor russo Serguei Rachmaninov (1873-1943), "Aleko" e "Francesca da Rimini", numa estreia em Portugal.
As duas óperas são apresentadas em versão de concerto e seguem-se à estreia em 2005 da outra ópera do compositor, "O Cavaleiro Avarento".
A designada "Noite Rachmaninov" conta com um elenco de cantores russos como Sergei Leiferkus, Olga Romanko, Viktor Afanasenko, Askar Abdrazakov e Larissa Savchenko, nascida na Ucrânia.
"Aleko" é uma ópera em um acto com libreto baseado no poema Os Ciganos, de Puchkin, e foi composta por Rachmaninov em apenas 17 dias como prova final de curso no Conservatório.
O papel titular está a cargo do barítono russo Sergei Leiferkus, que tem actuado nos mais importantes teatros líricos e sob a direcção de maestros como Claudio Abbado, Daniel Barenboim ou Georg Solti.
"Francesca da Rimini", com prólogo, um acto e epílogo, tem libreto de Modest Ilitch Tchaikovski segundo o Canto V do Inferno de Dante Alighieri e estreou no Teatro Bolshoi em 1906.
As duas óperas têm récitas nos dias 8, 10 e 11 de Março, com o maestro Will Humburg a dirigir a Orquestra Sinfónica Portuguesa.
Lusa/Fim

Quero mais

Thursday, March 06, 2008 | 0 Comments


Queria saber-te mais

Tocar-te mais

Ouvir-te mais

Sentir-te mais

Maravilhar-te mais

Descobrir-te mais

Conquistar-te mais

Provar-te mais

porque amar-te nunca é demais.

De volta ao maxime: Vagabond Opera

Wednesday, March 05, 2008 | 1 Comments

UM CABARET BOÉMIO —A ÓPERA LIBERTADA E REINVENTADA PARA TODOS
Vagabond Opera apresenta uma arrebatadora e extravagante miscelânea de estilos musicais. Cabaret europeu, música dos anos vinte americanos, música de dança dos Balcãs, ópera neoclássica, klezmer…Baseada em Oregon (EUA), a banda foi criada em 2002 pelo cantor de ópera e compositor Eric Stern, que idealizou um apaixonado cabaret boémio. Aliando ao hot jazz de Paris, ao tango e ao swing, às baladas folk ucranianas e ao klezmer originais vigorosos, os Vagabond Opera levam-nos para um mundo de rainhas do jogo, bailarinas turcas e da enigmática Marlene Dietrich. Misturando a inspiração de Kurt Weil, Duke Elligton e Edith Piaf com um estilo absurdo e teatral, nesta "ópera" canta-se em 11 línguas. Um exuberante espectáculo de grande riqueza musical, letras refrescantes e uma indomável presença em palco.
Eric Stern – voz, piano, acordeão
Jason Flores – contrabaixo

Mark Burdon – bateria
Robin Jackson – saxofones
Skip von Kuske – violoncelo
Lesley Kernochan – voz e saxofone


Abertura de portas:22h
Início do Espectáculo:23h
Bilhetes:10 €



"Michael. Dear Michael. Of course it's you, who else could they send, who else could be trusted? I... I know it's a long way and you're ready to go to work... all I'm saying is just wait, just... just wait and please just hear me out because this is not an episode, relapse, fuck-up, it's... I'm begging you Michael. I'm begging you. Try to make believe this is not just madness because this is not just madness. Two weeks ago I came out of the building, ok, I'm running across 6th avenue there's a car waiting, I've got exactly 38 minutes to get to the airport and I'm dictating. There's this panicked associate sprinting along beside me, scribbling in a notepad, and suddenly she starts screaming, and I realize we're standing in the middle of the street, the light's changed, there's this wall of traffic, serious traffic speeding towards us, and I... I freeze, I can't move, and I'm suddenly consumed with the overwhelming sensation that I'm covered in some sort of film. It's in my hair, my face... it's like a glaze... a coating, and... at first I thought, oh my god, I know what this is, this is some sort of amniotic - embryonic - fluid. I'm drenched in afterbirth, I've breached the chrysalis, I've been reborn. But then the traffic, the stampede, the cars, the trucks, the horns, the screaming and I'm thinking no-no-no, reset, this is not rebirth, this is some kind of giddy illusion of renewal that happens in the final moment before death. And then I realize no-no-no, this is completely wrong because I look back at the building and I had the most stunning moment of clarity. I... I... I realized Michael, that I had emerged not from the doors of Kenner, Bach, and Odeen, not through the portals of our vast and powerful law firm, but from the asshole of an organism who's sole function is to excrete the... the... the poison, the ammo, the defoliant necessary for other, larger, more powerful organisms to destroy the miracle of humanity. And that I had been coated in this patina of shit for the best part of my life. The stench of it and the sting of it would in all likelihood take the rest of my life to undue. And you know what I did? I took a deep cleansing breath and I put that notion aside. I tabled it. I said to myself as clear as this may be, as potent a feeling as this is, as true a thing as I believe I witnessed today, it must wait. It must stand the test of time, and Michael, the time is now!"

É com este fantástico monólogo que esta magnífica e por certo, a coolest película do semestre (que quase passa despercebida sob os holofotes dos Óscars) inicia a sua dança com o espectador. As interpretações são densas e ao mesmo tempo contidas, deixando passar a conta-gotas a intensidade que se vai entranhando, irredutível, pela nossa consciência adentro. Um clássico com muita modernidade ou uma película moderna muito old school, quer a nível de escrita como de realização. Um mimo! Ide ver meus senhores, ide ver!

“Ana de Peñalosa não amava os livros: amava a fonte de energia visível que eles constituem quando descobria imagens e imagens na sucessão das descrições e dos conceitos”.
Maria Gabriela Llansol, O Livro das Comunidades, p. 75.

A escritora Maria Gabriela Llansol morreu hoje, dia 3 de Março, aos 76 anos de idade. Estreou-se em 1962 com um livro de contos, "Os Pregos na Erva" e em 1965 foi viver para a Bélgica onde se entregou a uma experiência colectiva e comunitária de ensino de crianças que haveria de se tornar uma matéria importante da sua obra. Essa experiência está na génese de uma trilogia fundamental, a "Geografia dos Rebeldes", cujo primeiro título, publicado em 1977, é "O Livro das Comunidades". Este romance inaugura uma outra fase da obra da escritora que irá desenvolver-se em mais de uma dezena de títulos que constituem uma experiência literária radical, inovadora e sem concessões a qualquer facilidade. Uma experiência literária que decorre de uma experiência do mundo, onde impera o júbilo da vida e o amor pelos seres.
A escrita de Maria Gabriela Llansol não se parece a mais nenhuma, até ao ponto em que adquiriu um carácter quase idiomático, reclamando do leitor um enorme investimento e cumplicidade. Manteve-se sempre afastada da mundanidade e viveu numa entrega total aos seus textos e ao mundo - dos amigos, dos animais, da realidade filtrada pelo seu olhar essencialista - de que eles faziam parte. Neste caso, a pessoa e a obra coexistiram em total sintonia, num misterioso prolongamento uma da outra, o que constitui um enorme desafio para os eventuais biógrafos. Este aspecto torna ainda mais obrigatória a referência Fernando Pessoa, figura que atravessa muitos dos livros de Maria Gabriela Llansol, numa afinidade literária e existencial de grande alcance.
Foi autora de poucos leitores dada a sua complexidade que recobre toda a sua obra, contribuindo para uma resistência, por parte dos leitores. De uma forma aparente e muito superficial, podem tomar-se os seus textos como um exemplo de aleatório e, mesmo, de um absurdo. Mas, à medida que se penetra a estranha e complexa mundivisão llansoliana, é fácil, ainda, incorrer no risco de a tomar como um ‘estilo’ ou um ‘modelo’ aplicável em todas as circunstâncias. Por essa razão, só a concentração e a atenção ao desenvolvimento da sua obra e da transversalidade dos temas e figuras, conceitos que a percorrem, permitem levar a cabo uma circunscrição dos pontos que configuram a sua escrita como a apresentação, em si, não apenas do mundo, como de um método, cujas directrizes são esquivas, mas passíveis de serem vislumbradas. E, sobretudo, a convicção de que a sua obra é de uma riqueza inesgotável e ocupa um lugar cimeiro na literatura portuguesa do século XX.

Fogo e ternura

Monday, March 03, 2008 | 0 Comments


"É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes e como arranjas
os cabelos e como a tua boca sorri,
ágil como a água da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz e sombra és.
Chegaste à minha vida com o que trazias,
feita de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti, assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura de um amor verdadeiro."
Pablo Neruda

Até já, meu amor...

Sunday, March 02, 2008 | 0 Comments

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Mei and Arawn