Ontem foi o meu aniversário. Coisa banal essa de se fazer mais um ano. Toda a gente faz. Quando era pequena queria à força que este dia fosse especial, que se dessem apenas acontecimentos memoráveis e felizes, mas aos poucos fui percebendo que o nosso aniversário é apenas mais um dia entre muitos que fazem a vida e a vida tal como ela é tem momentos bons e menos bons que fazem de nós o que somos. Ontem foi o meu aniversário e não senti nada de novo. Não cresci mais um centímetro, não acordei num palácio encantado, não tinha novo nome, nem o mundo se moveu da sua rota. Muitos telefonemas, algumas mensagens. A presença a fazer-se ouvir abrindo brechas na distância. A idade parece-me a mesma de sempre, quem cresce não espera datas para se fazer de outra altura. Não houve fitas nem doces, nem bolo, mas houve laços a fazerem unos e doçura, não houve velas nem cânticos, mas a chama perdura. Não houve oferendas, mas recebi um presente, apenas um. Um presente sem embrulho, anunciado numa cartinha singela, um presente feito de gente e cores fortes, cosido na bainha dos sonhos e das fadas. Um presente que não me apetece partilhar porque não há palavras que o consigam descrever nem a sinestesia fantástica que é entrar em pezinhos de veludo no guarda fato da Rainha das Rosas, ou dedilhar a harpa dos Seres Azuis. Um presente que me foi sussurrado como um segredo por uma mão de orquídea que me fez entrar no outro lado do espelho mágico do tempo, da beleza e do amor, a mesma que se entrelaçou na minha e me adormeceu, a mesma que me secou as lágrimas tantas vezes e fez delas filigrana de luz e asas de borboleta.
1 comentários:
Num mundo paralelo…
Num mundo paralelo, num mundo só seu, feito a sua imagem, menina Trancinhas preparava-se para festejar o seu aniversario.
As ruas estavam engalanadas, os pequenos carros a buzinar, ao longe os animais rejubilavam de alegria e a malta amiga que se amontoava a porta do seu castelo entoava cantigos de outros tempos. Era dia de festa rija.
Menina Trancinhas assomou-se, e viu deliciada toda aquela algazarra por sua causa. Completava neste dia, um quarto de século, uma idade memorável e imperativa de ser comemorada com toda a pompa e circunstancia. Do alto da sua torre, presenteou os seus convidados, com aquilo que de melhor tinha para oferecer, o seu sorriso meigo e terno, ladeado pela sua simplicidade desconcertante. Todos lhe acenaram e exigiram a sua presença no meio deles. Menina Trancinhas anuiu, e desceu para perto dos seus convivas. No meio de abraços, beijos e dos mais variados gestos de ternura, menina Trancinhas fitou o céu, e perdeu-se na imensidão de estrelas que a olhavam tranquilamente…assim se deixou estar, assim adormeceu…mudou-se o mundo, os personagens, a ambiência, mas manteve-se o mais importante, menina Trancinhas conservou o seu sorriso, terno e sincero, como prova de que a vida, por mais voltas que dê, pode ser sempre um local de sonho e realidade pejado de sorrisos, muita fantasia, sempre aprimorada com amizade e um toque suave de amor…
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