Da feminilidade...

Tuesday, January 27, 2009 | 4 Comments

Ser feminina nos tempos que correm parece ser crime. As mulheres que se dizem "modernas" tendem a ser mulheres masculinizadas - conceitozinho mais incoerente! Com modos iguais aos dos homens, desejos iguais, ambições iguais. Desinteressantemente iguais, diria eu.
Isso é simplesmente perder o poder da nossa diferença.
Há dias conversava com uma amiga sobre o tema. Alguém que acha que ser feminino é ser fraco, ser subserviente ao estereótipo da mulher sensual, eterna cativa do agrado ao homem.
Não há nada que me ponha mais os nervos em franja que esta postura.
Sim, gosto de agradar ao meu homem. Sim gosto de agradar. Ponto. A mim mesma também. Vejo nisso uma fonte de poder e não de subserviência.
Fui ensinada a ter modos femininos. A saber andar. A saber falar. A saber vestir-me com elegância. Mas também me foi ensinada a desenvoltura em todas as situações e ninguém troca um pneu como eu! Não encaixo no perfil de "dama em apuros" embora por vezes dê tanto jeito! Mas garanto que fico muito melhor de saltos altos e que visualmente, ver-me a mudar um pneu é muito mais interessante que ver uma "camionista" masculinizada e desajeitada a fazê-lo. Nunca senti que isso me tirasse um milímetro de capacidade pessoal ou de agressividade profissional quando é necessário, mesmo em tarefas tradicionalmente masculinas. Se é que isso existe sequer!
E sim, somos mesmo diferentes. Homem e mulher. Somos. Aceitem e aproveitem as maravilhas que daí advêm :) Somos iguais em direitos, deveres e garantias, à luz da nossa República. Diferentes em tudo o resto. É a nossa natureza! Felizmente. 
Por isso tirem do guarda-fatos a saia mais justa, os stilletos mais vertiginosos, o baton mais escarlate e toca a conquistar o mundo! Ao lado deles. Mas ao modo feminino...:) Já lá vai há muito, desde as teses de Freud e Lacan, o estereótipo da inveja feminina do falo (Freud) ou da inacessibilidade feminina (Lacan) caiu por terra para se erguer a feminilidade como uma forma de alteridade social que atravessa de uma forma decisiva toda a cultura ocidental, criando novos campos de poder e de influência pulsional.

4 comentários:

Anonymous said...

Parece-me que "ser mulher" nunca teve campo tão fértil e tantas oportunidades como agora. Não só no campo profissional e na realização de sonhos pessoais, mas também na forma como influenciamos o mundo e tudo o que nos rodeia. Mas é preciso coragem para se ser assumidamente mulher, feminina e poderosa, como tu. Nem todas conseguem fazê-lo com a tua eficácia. Parabéns a uma das muheres com mais fibra e personalidade que alguma vez conheci. Obrigada por este texto dedicado à feminilidade, tanta vezes esquecida neste mundo em que o prático e o assexuado parecem vingar de forma insonsa negando tudo aquilo que somos. Seres pulsionais, como bem dizes no final do texto.
Beijinhos querida amiga.

Viajante said...

Aplausos de pé!
Ora nem mais. Eu desço ultimamente todos os dias do marquês ao rossio a pé, em saltos altos, de pc a tiracolo. As minhas colegas ainda hoje ao almoço comentavam "não sei como aguentas". Aguento porque gosto e me dá prazer. Aguento porque sou hedonista, orgulhosa, feminina e vaidosa. "Prontos" eu cá não mudo um pneu, sou mesmo dama em apuros, mas não me importo não ter desenvoltura para tal, não preciso também há sempre um voluntário, deve ser dos saltos altos hihihih

Neptuna said...

brilhante este post.. adorei cada palavra. ser mulher é ser uma deusa a cada instante. e devemos estar a altura dessa deusa usando do nosso poder interior. beijinhos!

Neptuna said...

brilhante este post.. adorei cada palavra. ser mulher é ser uma deusa a cada instante. e devemos estar a altura dessa deusa usando do nosso poder interior. beijinhos!

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