Hoje vamos pensar um bocadinho nisto:
O referendo é já em Fevereiro e desta vez não há praia nem fim-de-semana prolongado que vos valha como desculpa.
Para o próximo Referendo Nacional, as inscrições ou alterações só são admitidas até ao dia 12 de Dezembro, inclusivé.Os cidadãos eleitores que não procedam à sua inscrição no recenseamento eleitoral no prazo indicado ficarão impedidos de participar no Referendo Nacional.Do mesmo modo, os cidadãos que residam em freguesia diferente daquela em que se encontram inscritos no recenseamento eleitoral, ficarão impedidos de proceder à transferência da respectiva inscrição para a freguesia em que actualmente residam.

E a perguntinha é «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?».
Esqueçam lá as questões quanto à "questão". É mesmo esta.
São feitas quatro perguntas nesta pergunta: 1. Se concorda com a despenalização do aborto; 2. Se ele deve ser feito por opção da mulher; 3. Se a despenalização deve ser até às 10 semanas 4. Se deve acontecer em estabelecimento de saúde legalmente autorizado.
As respostas poderão ter vários sentidos e isso determinará cada voto.
Vamos lá ver o que NÃO está na pergunta acima: 5. Quando começa a vida humana? 6. Qual a sua posição sobre o aborto? 7. A mulher é dona do seu corpo? 8. Concorda com este referendo?

Eu já respondi interiormente a todas elas e vou votar SIM no referendo, e vocês?

E os números são:
Estudo da Consulmark encomendado pela Associação para o Planeamento da Família:

14,5% das mulheres portuguesas fizeram um aborto
Há entre 17 200 e 18 mil abortos por ano
30% entre os 17 e os 20 anos
85,7% interrompeu a gravidez em Portugal
72,7% fizeram antes das 10 semanas
20,6% das mulheres praticantes de uma religião abortam depois das 16 semanas
8,2% de mulheres não praticantes de uma religião abortam depois das 16 semanas
39,4% das mulheres fazem aborto em casas particulares
32,2% das mulheres fazem aborto em clínicas privadas
18,2% das mulheres fazem aborto em consultórios médicos
6,9% das mulheres fazem aborto em hospitais públicos
45% dos abortos são feitos por médicos
30,6% dos abortos são feitos por parteiras.
22,7% das mulheres obtiveram informações sobre o local de realização do aborto através de um profissional de saúde.
64,1% das mulheres não foram acompanhadas pelo médico após o aborto
Uma em cada três mulheres que interrompeu a gravidez através de comprimidos teve depois necessidade de recorrer a um serviço de saúde.
46,1% das mulheres que recorreram ao aborto admitem que engravidaram quando não estavam a usar qualquer tipo de contraceptivo.

Amostra: duas mil mulheres entre os 18 e os 49 anos inquiridas por questionário sigiloso.

"NUNCA DIGAM ABORTO, DIGAM IVG, Interrupção Voluntária da Gravidez.
É disso que estamos a falar. Não de abortos. Nunca de abortos. Eu sou contra o aborto. Numa sociedade perfeita não existem abortos, todas as pessoas teriam a possibilidade de procriação controlada a 100%. Numa sociedade imperfeita, a interrupção voluntária da gravidez não deve ser criminalizada. É disso que se trata. Não de abortos."
José Reis Santos

3 comentários:

Anonymous said...

eu sou contra o referendo, e contra a lei que impede uma pessoa de fazer um ABORTO(odeio o politamente correcto). uma nota a ideia de a mulher decidir sozinha o que fazer com o meu filho faz-me confusao, mas mais uma vez a minha ideia nao deve ser dominante sobre ideias diferentes. cada um que pense e faça o que acha melhor.

Paulo

Unknown said...

Paulo,
A questão é que não estamos a referendar o referendo, vamos referendar se deve ser despenalizado o aborto, até às 10 semanas, por opção da mulher, em locais legalizados para o efeito.
A discussão acerca da utilidade do formato do referendo como forma de aferir a vontade popular sobre assuntos de interesse nacional será outra que terá de ser realizada noutra ocasião. A minha opinião nesse campo é que se elegemos democraticamente um governo o qual reflecte de forma paridária a população, uma decisão desta natureza deveria ser tomada nos domínios da defesa da saúde pública e por isso votada e decretada pela Assembleia da República.
Mas não é isso que estamos discutir aqui. E a minha obrigação cívica neste momento é votar neste referendo que neste momento ainda é a forma escolhida para resolver esta questão.
Abraços.
Marisa

Anonymous said...

Marisa, concordo ctg em quase tudo mas nao me deixo de sentir estranho ao participar numa coisa que nao concordo, no entanto desde que "postei" formei uma opiniao que é a seguinte, ao votar SIM nao imponho a minha vontade a ninguem ao votar NAo imponho a todos os que pensam diferente de mim, a meu ver este é o unico argumento realmente valido para defender o sim.

Paulo

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