La science des rêves...

Tuesday, November 28, 2006 | 1 Comments

Uma história absorvente de apurado sentido estético, que nos expõe sem reservas as possibilidades de transfiguração da realidade. Mais do que falar de sonhos como um terreno fértil para dar asas à sua imaginação ou forma de escapar à realidade opressiva e frustrante, Michel Gondry dá-nos o mundo onírico como intrínseco à própria realidade e à resolução de problemas. Sonhar é apaziguar, concretizar, tomar balanço, sarar. Todas as possibilidades, todas as experimentações se dão no modular de cada momento como se fosse composto de partículas flexíveis e manipuláveis. A ciência dos sonhos é manter a pureza da infância, a capacidade de ser imperfeito e frágil, excentricamente diferente nas perspectivas da vida, tendo disso consciência, mas nem sempre controlo. É sobretudo uma fome imensa de fantástico, de beleza e de construção – de mundos, personagens e de histórias. O sonhador, os sonhadores são contadores de histórias que fazem do osso mais cru, do banal, a matéria inesgotável dos seus devaneios.
Tanto mais haveria a dizer nesta tela remendada a retalhos de simbologia e beleza, sobre cavalos de pano que ganham vida, barcos que têm dentro florestas nas quais procuram o mar, camas azuis cor de céu e de meninos assustados...
A verdade é que horas depois, já a noite se rasgava em luz, ainda estava acordada, a ver bailar diante de mim a imagem de dois jovens incorpóreos a fazer o céu e o mar. Esta é a mais forte impressão que me ficou, tatuada na penumbra, de um espaço que já não era físico, de um tempo que deixou de ser mensurável. De todos os farrapinhos e da linha clara do teu sorriso hei-de fazer a minha capa para passar entre as gotas de chuva como uma criança invisível à dor.
...Eu não quero ser gente fininha como esparguete... ;)

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1 comentários:

Anonymous said...

Coleridge dizia que "O céu é para o olho uma taça invertida, o interior de uma bacia de safira, a perfeita beleza da forma e da cor. Diante do céu, o olho não experimenta exactamente a sensação dada pelos objectos sólidos e limitados: sente que está em seu poder, diante do ilimitado, transcender aquilo que vê."

Sonhar é poder ver.

Sabe bem brincar no arco-íris contigo :)

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Mei and Arawn