Love Cookie

Friday, November 24, 2006 | 2 Comments


Lembraste quando fazíamos bolos e sonhos juntas maninha?
Quando no seu interior haviam descobertas e mensagens a revelar? Lembraste quando queríamos fazer bolinhos da sorte e o papel se desfazia sempre? Lembraste de quanto isso tornava ainda mais doce cada nova tentativa?
Não sei o que se passou entretanto, o que se partiu por dentro. Terá acontecido o mesmo que com os papelinhos que se dissolviam e desapareciam?
Apenas sinto a falta da tua voz a dizer"dorme bem". Da minha mão pendurada fora da cama a gelar e a agarrar a tua, pois tinhas medo do escuro e de adormecer sozinha. Lembro-me das corridas pelo corredor, do riso, dos legos espalhados no chão da sala. Sinto saudades de acordar na manhã de natal e pegar nos presentes que tinha feito para ti na escola e de ver a tua cara a abri-los, como se fossem todo o ouro do mundo metido dentro de um embrulho cuidadosamente feito com os papéis e fitas recicladas do natal passado. Lembro-me do cheirinho doce pela casa, da mãe a estender as filhoses e dos pijamas grossos e das pantufas.
O que é que acontece quando nos dissolvemos dentro de nós mesmos? O que acontece para que emudeças e apagues para sempre os sonhos que uma vez tiveste? Não consigo entender maninha. Gostava de poder fazer um bolinho mágico e que quando o comesses ficasses curada, como fazíamos quando eramos pequenas.

2 comentários:

Anonymous said...

E tu lembras-te do chocolate quente a adocicar o ar?
Da caixinha amarela das bolas de sabão?
Das borboletas coladas no espelho do guarda-fato?
Das roupas espalhadas no sofá?
Dos jantarinhos de sushi?
Das viagens improvisadas?
Dos piqueniques na relva ou na areia em fugaz aventura?
Do rir por tudo e por nada?
Sinto saudades de acordar todas as manhãs como se fosse natal e pegar nos presentes que tinha feito para ti e de ver a tua cara a abri-los ou imagina-la, porque sempre preferi imaginar as minhas próprias histórias.
Apenas sinto a falta da tua voz a dizer"dorme bem" ou dessa cumplicidade breve.
O que é que acontece quando nos dissolvemos dentro de nós mesmos? O que acontece para que pareças sempre tão distante e tão séria como gente crescida? Não consigo entender maninha. Gostava de poder fazer um bolinho mágico e que quando o comesses ficasses fosses terna e sorridente, como fazíamos quando eramos do tamanho dos búzios da praia.

Anonymous said...

...
Contudo, por cada gesto que não fizeres eu farei dois. Por cada mão que não me deres estenderei ainda mais longe a minha. Por cada palavra que não dizeres, escrevei um e outro texto que te cheguem. Por cada sorriso que não esboçares, tornarei o meu ainda mais radiante e largo para que te ilumine. Por cada vez que desviares o teu caminho do meu, obrigarei o meu à inflexão própria das aproximações cuidadosas e pensadas. Por cada passo o meu seguirá atrás. Por cada coisa que não vires eu gritarei mais alto. Por cada flor que deixares por tratar eu tomarei mais atentamente conta do jardim. Até que voltes. E quando voltares saberás que nada terá mudado. Na tua ausência tomei conta de nós como se nunca tivesses partido.

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Mei and Arawn