Estranhas formas de fazer amor

Monday, January 23, 2006 | 0 Comments

Não estranharás que tantos anos depois ainda sejas capaz de chapinhar de galochas verdes com uns olhinhos de sapo. Não estranharás que eu escreva como se não escrevesse e que sorria como se te visse. Não estranharás que te abrace, mesmo que aqui não estejas e que te sinta mesmo sem te tocar. Não estranharás que não desenhe, porque não sei desenhar, mas todos os quadros que surgem em desenho ou palavra são igualmente genuínos. Não estranharás que te olhe como se fosse a primeira vez, pois todas as vezes que nos vemos são a primeira porque a vida começa sempre noutros pontos mais adiante. Não estranharás que depois de viajar te diga que nunca desdiz as malas. Não estranharás se chovendo dissermos faz sol e se fazendo frio acharmos que o nosso calor é grande. Não estranharás chamar-me por nomes que não tenho e rirmos como se tivessemos metade da idade e os tesouros estivessem todos para descobrir. Não estranharás se eu me incomodar por tu estares triste, ou cansada ou sarcástica, porque cuidar é mesmo assim. Não estranharás e contudo todas estas são estranhas formas de fazer amor.

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Mei and Arawn