No início dos dias encaixamos as palavras como peças de um puzzle e esperamos para ver o que acontece. As pontas mais azuis encaixam na claridade e a claridade encaixa na brisa. A brisa procura a pele e a pele procura o toque. De pétala em pétala, de roçar em roçar de asa vamos procurando a brandura mais a leste do nosso olhar, aquele ponto de fuga que se escapa pelo canto do olho e é mais cavalete montado que fotografia de perspectiva.
Eu gosto de perspectivas são como cristais a reflectir a luz em milhões de cambiantes de cor. Eu gosto de fazer de mim um desses cristais e estar rodeada de pessoas capazes de tornar a realidade plástica. Pessoas capazes de plasticinar borboletas e acreditar nos voos mais fantásticos. Não importa a idade. Não importa que haja um tempo à nossa espera lá fora. Não importa que nos venham buscar com a realidade numa bandeja de ouro. Eu gosto de comer com as mãos os frutos do campo e de sentir o sumo a escorrer entre os dedos. Tenho um dia na mão direita e outro na mão esquerda e sei que são ambos o mesmo, mas são duas partes diferentes do mesmo. De um lado tenho uma janela aberta sobre o nada e esse nada é uma paleta de mil cores à espera de um rito de iniciação, do outro lado tenho uma vida construída a baldes de cimento e tijolo. Deste lado há partes mais sólidas do que outras, sim porque misturar a quantidade certa de areia e cimento para obter o betão é uma arte difícil de dominar, e depois há sempre aquele problema dos tijolos que nem sempre são de boa qualidade ou geométricamente posicionados o que dá à parede um aspecto menos arquitectónico e mais vamos-lá-ver-no-que-dá-esta-improvisação-alinhada-de-factos-e-acontecimentos-e-vamos-lá-ver-se-esta-m...-se aquenta!
Hoje o céu está um dia lindo, se pudesse saía daqui e ia espreguiçar-me na praia, fingir-me concha ou gaivota!
Se pudesse raptava-te a piquenicavamos à beira rio no silêncio calmo das águas viajantes. Se existem livros de bolso, também devem haver arco-irís de bolso, vou ver ser arranjo um!
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