Outono

Friday, January 20, 2006 | 0 Comments


Não sei se reparaste que o ar está diferente, a luz menos quente, as manhãs mais frescas de arrepiar a pele, as árvores baloiçam as folhas num verde já pálido. Na rua a roupa oscila entre o claramente fresco à superfície dos que se agarram à memória de tardes abrasadoras e o confortavelmente quente daqueles que se apressam a cobrir-se escondendo imperfeições e o corpo da exposição.

Provavelmente poucos foram aqueles que reparam que as andorinhas começaram a fazer as malas, aliás como tu... Hoje, no primeiro dia de Outono descobro-te como uma andorinha, de peito alvo e olhos negos, a fazer as malas à procura de terras onde o calor ainda subsista, a fazer planos para um novo ninho, a definir linhas de voo e a aprumar as penas para a inauguração da viagem.

Sendo hoje o primeiro dia de Outono, os carros circulam sobre a ponte como noutro dia, os andaimes adiantam as obras de sempre, os computadores mastigam os dados com a lentidão do costume, os transeuntes ruminam as dores e queixas com que se levantam e deitam nos outros dias, mas para mim é diferente, é um segredo que só eu sei e partilho agora contigo, é um segredo que não está previsto em nenhuma ciência nem matemática, porque mesmo os que sabem que hoje é o equinócio, desconhecem a magia de andorinhar por entre o tempo em imprevistas reinvenções

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Mei and Arawn