Transcrevo alguns excertos traduzidos das primeiras páginas deste livro. Tudo o resto confio à vossa intimidade.
“Teaism é um culto que assenta no encantamento pela beleza envolvente em contraponto aos factos prosaicos sobrevindos na nossa existência diária. Entranha-nos de pureza e harmonia, a prática do entendimento mútuo e a idealidade de uma ordem social conforme.Trata-se essencialmente de um propósito inalcançável, imperfeito, uma vez que é uma tentativa muito delicada de atingir algo possível nesta coisa impossível à qual chamamos vida. (…)
Na nossa linguagem comum costumamos dizer que um homem ´não tem chá´ quando não é sensível aos interesse trágico-cómicos do drama pessoal. (…)
Mas quando pensamos quão minúscula é afinal, a chávena do prazer humano, quão rapidamente transborda de lágrimas, quão facilmente se esgota devido a esta sede insaciável de infinito, não nos podemos culpar por dar tanta importância à chávena do chá. (…)Aqueles que não conseguem sentir a insignificância das coisas grandes nele próprios tendem a ignorar a grandeza das insignificâncias nos outros. O culto do chá é nobre segredo de rir de si mesmo, calma mas profundamente, e isto é a essência do humor – o sorriso da filosofia. (…)Entretanto bebemos um gole de chá. O brilho da tarde ilumina as canas de bambu, as fontes borbulham satisfeitas, o zunido do vento por entre os pinheiros ouve-se na nossa chaleira. Sonhamos pois com a evanescência e contemplemos a leve beleza das coisas."
O Livro do Chá foi escrito em 1906 por Kakuzo Okakura, um japonês que investigou e deu a conhecer as artes tradicionais japonesas, levando-as até à Europa, USA, China e Índia. Foi um forte contributo no desenvolvimento das artes no Japão e consegui um impacto notável em figuras do mundo ocidental tais como o filósofo Martin Heidegger, o poeta Ezra Pound, e especialmente no poeta Rabindranath Tagore e a filantropa Isabella Stewart Gardner, os quais foram seus amigos pessoais.
http://www.sacred-texts.com/bud/tea.htm
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