Tropa de Elite
Realização: José Padilha
Com: Wagner Moura, André Ramiro, Caio Junqueira, Maria Ribeiro.
Tropa de Elite, de José Padilha é um filmaço! Dos filmaços com "C" grande de "Cinema" a ficar na história. É um filme poderoso, trepidante e intenso, que nos mostra, com uma riqueza e uma noção aguda de ritmo, as teias de corrupção e de violência que varrem todos os sectores da sociedade carioca. A acção decorre em 1997, em pleno Rio de Janeiro e centra-se na actuação da polícia especial apelidada de BOPE (Batalhão de Operações Especiais) nas favelas. O BOPE é a única força de intervenção capaz de controlar e minorar as acções das milícias de traficantes que controlam com extrema violência o mundo das favelas. Esta é uma força que já pouco tem de policial. É sobretudo uma força especializada de guerra, com uma natureza e um treino explicitamente militar. As interpretações são um luxo. Sobretudo a de Wagner Moura que veste a pele do Capitão Nascimento, captando a essência do perfeito líder, do homem forte física e mentalmente e que dirige uma das forças mais implácaveis de luta contra o narcotráfico. O filme acompanha em simultâneo duas histórias: a do Capitão Nascimento, que está prestes a ser pai e necessita rapidamente de arranjar um substituto dado o perigo iminente da sua função, e a de Neto e André, dois amigos de infância aspirantes recém-admitidos na unidade do BOPE e que se revelam como possíveis escolhas para o comando da unidade do Capitão Nascimento. Depois da Cidade de Deus, já estavamos à espera de um filme cru e duro, mas este Tropa de Elite consegue ser ainda mais fiel em termos de retrato da violência, da crueldade e das controversas relações de corrupção e de autismo de uma sociedade que há muito entrou no inferno, conseguindo uma polaroid certeira do que significa "subir a favela". Aqui temos todos os lados em perspectiva. E isso torna esta narrativa poderosa e simultaneamente vertiginosa: quase que sentimos o calor na pele, o ritmo pesado da respiração, o odor do medo nas narinas. E isso é o que se pode pedir de um filme destes.
Sem os efeitos especiais de Hollywood, sem os gadjets nem as figuras de passerelle, mas com uma qualidade quer de argumento, quer de execução e com interpretações muito acima da média, esta é uma obra a não perder. Recomenda-se uma refeição muito leve antes da visualização.

1 comentários:

Viajante said...

Ia colocar um postinho, mas está tudo dito e muito bem dito.
Vão ver é BRUTAL!

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Mei and Arawn